Para brasileiros, impacto do Brexit é inevitável

Pegos de surpres, imigrantes no Reino Unido estudam alternativas à saída do país da UE

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Foto do author Luiz Raatz
Por Luiz Raatz e Renata Tranches

O resultado do referendo no Reino Unido pegou os brasileiros que vivem no país completamente de surpresa. Para eles, os efeitos serão inevitáveis, avaliou o consultor de imigração da Associação Brasileira no Reino Unido (Abras), que presta apoio à comunidade, Ricardo Zagotto.

 

Ele explica que especialmente os brasileiros que trabalham em subempregos ou em funções mais simples estão mais assustados. A decisão da noite de quinta-feira se refletirá em um aspecto muito importante para esses imigrantes, uma vez que deverá alterar as regras migratórias no Reino Unido. 

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Para conseguir viver no Reino Unido, Zagotto explica que a maioria dos brasileiros recorre a uma estratégia “clássica” de adquirir a cidadania europeia, por meio de outro país, e depois se mudar para o território britânico graças ao Freedom Movement. Um dos princípios da fundação da União Europeia, a regra permite que qualquer cidadão do bloco se mude, viva e, em certas circunstâncias, acesse o sistema de assistência social no país que escolheu. 

“A grande maioria dos brasileiros que vive aqui é porque tem a dupla cidadania ou porque é casado com alguém que tem. É a estratégia de regularização mais popular. Por isso, atingiu em cheio”, afirmou, em entrevista ao Estado

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Ele pondera que essa consequência era inevitável, uma vez que as mudanças nas regras migratórias aplicadas no Reino Unido ocorreriam mesmo se o país tivesse aprovado a permanência no bloco. 

Mesmo assim, ninguém da comunidade, segundo ele, esperava por esse resultado. “Os brasileiros estavam muito confiantes de que se manteria o status quo. Havia a questão de que as grandes empresas estavam apoiando continuar na ideia do mercado comum, com tudo mais. Com todo mundo que eu conversava, a impressão das pessoas, dos acadêmicos aos mais simples, era a de que o país ia ficar. Então, foi uma surpresa”, explicou. 

Pesou também o fato de a maioria da comunidade viver em Londres, cidade que apoiou amplamente a permanência. 

Zagotto não sabe dizer ao certo quantos brasileiros vivem no país. O último censo, de 2011, mostrou que eram 65 mil, mas o número não reflete a realidade. “Ele (censo) não contabiliza quem entra como imigrante e depois fica, os cidadãos de dupla cidadania que tinham medo de afirmar que eram brasileiros, entre outros. Esse é o único número oficial, mas ele é bem maior.”

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Além das regras migratórias, outra preocupação dos brasileiros é como vai ficar a economia britânica após o rompimento. “Sou brasileiro, italiano por descendência e britânico por naturalização. Casos como o meu, dos que se naturalizaram, são os únicos em que os brasileiros estão tranquilos. Mas aí o medo é outro. Tememos que a economia fique lenta aqui, já que é onde tiro meu ganha-pão. Se não formos afetados pelas regras da imigração, seremos pela economia”, lamenta. 

Para a gaúcha Alessandra Aquino, gerente de vendas em uma empresa de Londres, o clima entre os brasileiros que vivem e trabalham no Reino Unido é de choque. “Moro em Londres e aqui a vasta maioria das pessoas está em clima de velório. O povo acha tudo um absurdo, que foi uma votação sem sentido que muitos acreditaram que não teria esse resultado”, disse ela ao Estado.

Ainda de acordo com Alessandra, muitos brasileiros com cidadania europeia que ela conhece estão estudando a possibilidade de procurar trabalho em outros países comunitários, como Itália ou Espanha. “Hoje, o dono da empresa em que trabalho fez um discurso para todo mundo pedindo às pessoas que não se desesperem”, disse. 

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