TUNIS - A democracia tunisiana enfrenta seu maior teste desde a revolução de 2011, depois que o presidente Kais Saied depôs o governo e congelou o parlamento na noite de domingo, 25, levando a confrontos entre seus apoiadores e oponentes. Ele invocou poderes de emergência nos termos do Artigo 80 da constituição para demitir o primeiro-ministro Hichem Mechichi, congelar o Parlamento por 30 dias, levantar a imunidade dos membros do parlamento e tornar-se procurador-geral.
O exército o ajudou cercando o parlamento e o principal palácio do governo, mas os principais partidos no parlamento, incluindo o islâmico moderado Ennahda, consideraram sua ação um golpe de Estado e disseram que o Artigo 80 não permite suas ações. Estes são alguns cenários de como os próximos dias podem se desenrolar.
Violência de rua
Apoiadores do presidente - um político independente - e do Ennahda se mobilizam nas ruas da Tunísia, levando a violentos confrontos que podem atrair as forças de segurança e anunciar uma era de instabilidade ou levar a uma tomada de poder militar.
Saied apresenta um novo premiê e restaura Parlamento
Saied rapidamente nomeia um novo primeiro-ministro para lidar com o surto de covid-19 e uma crise fiscal iminente. Ele devolve os poderes ao parlamento após o fim de seu congelamento de 30 dias e permite que os procedimentos normais sejam retomados. Podem seguir-se novas eleições parlamentares.
Autoritarismo
Saied consolida o controle sobre as alavancas do poder e do aparato de segurança, adiando ou cancelando o retorno à ordem constitucional e reprimindo as liberdades de expressão e de reunião conquistadas na revolução de 2011.
Eleições e mudanças na constituição
Saied usa a crise para pressionar pelo que ele chamou de seu acordo constitucional preferido - um sistema presidencial baseado em eleições, mas com um papel menor para o Parlamento. As mudanças são seguidas por um referendo sobre a constituição e novas eleições.
Diálogo e novo acordo político
Repetindo o padrão de crises anteriores após a revolução de 2011 na Tunísia, os oponentes políticos recuam do limite e concordam em buscar um compromisso por meio do diálogo que inclui outros atores, como o poderoso sindicato. /REUTERS
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