LONDRES - O britânico-israelense Uri Geller, mundialmente conhecido por seus supostos poderes para dobrar colheres com a mente, candidatou-se a um cargo no governo do premiê Boris Johnson depois que o conselheiro especial, Dominic Cummings, convocou “pessoas diferentes” para ele.
“Queremos contratar pessoas incomuns, com habilidades e experiências diferentes para trabalhar em Downing Street”, escreveu na semana passada em seu blog o controvertido conselheiro.
Entre os perfis procurados estão especialistas em dados, programadores, economistas, especialistas em comunicação, jovens investigadores, mas também “pessoas diferentes com habilidades estranhas”.
Geller, de 73 anos, considera ajustar-se ao perfil. “Não procure mais”, escreveu em sua carta de candidatura. “Tenho poderes psíquicos reais, perguntem ao Mossad, à CIA e ao Pentágono”, acrescentou, referindo-se às afirmações de que trabalhou para os serviços de inteligência de Israel e dos EUA.
Geller parece ser seguidor de Johnson. Em dezembro, ele afirmou ter ajudado o primeiro-ministro britânico a manter o poder ao presenteá-lo com uma colher carregada de “energia positiva” que pertenceu a Golda Meir, ex-chefe de governo de Israel que morreu em 1978.
Em sua carta de candidatura, que inclui o respaldo do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, Geller expõe algumas atividades exercidas. Ele assegura que sua carreira na televisão como ilusionista e dobrador de colheres com o poder da mente foi na realidade “a cobertura perfeita” para um trabalho de espionagem.
“No meu trabalho de inteligência participei da operação Tempestade no Deserto, ajudei a localizar túneis secretos na Coreia do Norte e usei minhas habilidades para apagar CDs diplomáticos cruciais em seu caminho a Moscou", escreveu.
Apesar de que muitos duvidaram de minhas habilidades, minhas conquistas não podem ser rejeitadas como truques ou ilusões", assegurou.
Ele também afirmou ter participado nas negociações sobre o desarmamento nuclear com Moscou durante a Guerra Fria, "bombardeando o principal negociador com ondas de pensamento positivas para que a delegação soviética assinasse o tratado".
Um poder que poderia ser útil na negociação da relação pós-Brexit do Reino Unido com a União Europeia, que aparentemente será difícil. "Talvez possa usar minhas habilidades nos contatos com Michel Barnier (o negociador-chefe europeu)", sugeriu Geller. / AFP
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