Partido Conservador acelera sucessão de Boris Johnson para evitar transição muito longa

Legenda programa eleições internas para escolha do novo líder para esta semana; sistema britânico não exige eleição geral para escolha do premiê

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Por Redação

LONDRES - O Partido Conservador britânico anunciou nesta segunda-feira, 11, que o novo primeiro-ministro será anunciado em 5 de setembro e não mais em outubro, como previsto anteriormente. Com o objetivo de acelerar a escolha do substituto de Boris Johnson, o partido elaborou e anunciou novas regras. A legenda tenta encurtar o governo do premiê, que renunciou na quinta-feira após uma sequência de escândalos, mas continua no comando do país.

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O novo líder do partido, e consequente premiê, será escolhido em uma eleição em duas etapas, na qual 358 parlamentares conservadores reduzem a disputa a dois candidatos por meio de votações preliminares. A dupla finalista será submetida a uma outra votação, na qual membros do partido em todo o país votam. Nas regras do sistema parlamentar britânico, o novo líder conservador se torna automaticamente primeiro-ministro sem a necessidade de uma eleição geral.

O Comitê de 1922 do partido, que organiza o processo, anunciou que as indicações serão oficialmente abertas e encerradas nesta terça-feira, 12. O primeiro turno de votação acontecerá na quarta-feira, e o segundo, na quinta-feira, com os candidatos que não conseguirem pelo menos 30 votos eliminados em cada rodada. A intenção é ter dois finalistas antes do recesso parlamentar de verão (Hemisfério Norte), que começa em 21 de julho.

Apoiadores seguram cartazes durante evento de conservadores em Londres nesta segunda-feira, 11. Após renúncia de Boris Johnson, corrida pela sucessão já tem mais de 10 candidatos Foto: Matt Dunham / AP

Na fase de indicação, os candidatos precisarão receber o apoio de pelo menos 20 deputados para chegar à primeira votação, um número que pode eliminar alguns candidatos antes mesmo de começar o processo eleitoral.

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O novo líder deve ser anunciado quando a Câmara dos Comuns retornar em 5 de setembro.

A medida restringe a lista, que chegou nesta segunda-feira a 11 nomes com o anúncio do pouco conhecido parlamentar Rehman Chishti. Outros candidatos incluem a secretária das Relações Exteriores Liz Truss, o chefe do Tesouro Nadhim Zahawi, os ex-secretários de Saúde Sajid Javid e Jeremy Hunt e os legisladores de bancada Tom Tugendhat e Kemi Badenoch.

Muitos conservadores estão receosos de deixar Johnson no cargo por muito tempo, preocupados com o fato de ter um líder sem poder em um momento em que o Reino Unido precisa lidar com a guerra na Ucrânia, aumentos de preços de alimentos e energia levando a inflação a níveis não vistos em décadas e crescente agitação trabalhista. Alguns também temem que Johnson - derrubado por escândalos sobre dinheiro, quebra de regras e alegações de má conduta sexual contra seus aliados - possa causar danos mesmo como primeiro-ministro interino.

Na disputa aberta pela liderança, os candidatos estão se esforçam para se destacar do nome considerado favorito, o ex-chefe do Tesouro Rishi Sunak, que já tem o apoio de mais de três dúzias de legisladores.

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Muitos repudiaram os aumentos de impostos que Sunak introduziu para fortalecer as finanças do Reino Unido atingidas pela pandemia de coronavírus e pelo Brexit – um aumento de 1,25% no imposto de renda para milhões de trabalhadores e um aumento no imposto corporativo no próximo ano de 19% para 25%.

A maioria dos candidatos diz que vai eliminar uma das regras ou ambas. “Quero cortar todos os impostos”, disse Hunt, que se comprometeu a reduzir o imposto corporativo para 15%. Truss disse que começaria a cortar impostos “desde o primeiro dia”, e Tugendhat disse que “reduziria impostos em todos os aspectos da sociedade”.

Todos os candidatos estão tentando se distanciar da desorganização e escândalos que afundaram Johnson - embora a maioria deles tenha servido em seu governo, e alguns ainda o fazem.

Tom Tugendhat, político do Partido Conservador, sorri do lado de fora de estúdio no centro de Londres em imagem desta segunda-feira, 11. Tugendhat é um dos candidatos a suceder Johnson Foto: Carlos Jasso / AFP

Eles procuram apelar para um eleitorado de cerca de 180 mil membros conservadores que, em muitos aspectos, não representa o país como um todo: é mais velho, mais branco e mais rico, e muito mais fortemente a favor do Brexit, a saída do país do a União Europeia.

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Nenhum até agora renunciou às políticas mais controversas de Johnson: legislação para rasgar partes de seu acordo do Brexit com a UE e um plano para enviar alguns requerentes de asilo que chegam ao Reino Unido para Ruanda que está sendo contestado nos tribunais.

A batalha partidária já se tornou turbulenta, com rivais criticando o histórico de Sunak como ministro das Finanças, e Zahawi, o atual chefe do Tesouro, rechaçando alegações de que ele está sendo investigado por seus assuntos fiscais. Zahawi disse que estava sendo “manchado” e disse que desconhecia qualquer investigação do fisco ou de outros órgãos.

Tony Travers, professor de governo da London School of Economics, disse que “seria difícil exagerar o quão desagradável” a escolha já é, com as equipes dos candidatos se informando e vazando informações sobre os outros para a mídia. “É realmente uma guerra de todos contra todos, e vai piorar”, disse ele.

Os apostadores dizem que Sunak provavelmente será um dos dois finalistas, mas a corrida é altamente imprevisível. Truss e a ministra do Comércio, Penny Mordaunt, têm forte apoio, enquanto Tugendhat, um ex-soldado da centro-esquerda do partido, e a estrela em ascensão da direita Badenoch garantiram o apoio de grandes nomes e podem surpreender rivais mais experientes.

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Johnson se apegou ao poder por meses, apesar das acusações de que ele era muito próximo dos doadores do partido, que protegeu os apoiadores de alegações de bullying e corrupção e que enganou o Parlamento sobre cargos do governo, além de quebrar as regras do lockdown imposto para conter o coronavírus.

Ele foi multado pela polícia por comparecer a uma das festas, mas sobreviveu a uma moção de desconfiança no mês passado no Parlamento, apesar de 41% dos legisladores conservadores terem tentado derrubá-lo. Mas Johnson foi derrubado por um escândalo a mais - este envolvendo a nomeação de um político que havia sido acusado de má-conduta sexual.

Johnson, ainda no cargo, disse que não planeja endossar um candidato. “Eu não gostaria de prejudicar as chances de ninguém oferecendo meu apoio”, disse ele. /AP, AFP, EFE

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