PUBLICIDADE

Partido de Mandela tenta formar governo de unidade nacional na África do Sul após perder maioria

Segundo porta-voz, CNA, que perdeu a sua maioria de 30 anos nas eleições de semana passada, realizou conversas ‘exploratórias’ com principal oposição e outros partidos menores

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

JOANESBURGO — Após um forte revés nas eleições legislativas na semana passada, o Congresso Nacional Africano (CNA), principal partido da África do Sul, começou a negociar a formação de um governo de unidade nacional, anunciou nesta quarta-feira, 5, a organização.

PUBLICIDADE

Há 30 anos no poder, o CNA perdeu a sua maioria no Parlamento nas eleições da semana passada, conquistando apenas 159 dos 400 assentos. Nenhum partido obteve maioria absoluta, o que demonstra que “os sul-africanos querem que todos os partidos trabalhem juntos”, segundo a porta-voz da CNA, Mahlengi Bhengu-Motsiri.

Motsiri disse a jornalistas nesta quarta-feira que houve conversas “exploratórias” com a principal oposição, a Aliança Democrática (AD), os Combatentes pela Liberdade Econômica, de extrema-esquerda, e três outros partidos menores. Ela disse que o CNA tinha contatado “repetidamente” o novo Partido MK, do ex-presidente Jacob Zuma, para conversações, mas não houve “nenhuma resposta positiva”.

O Partido MK teve um bom desempenho nas eleições, tornando-se o terceiro maior com 14% dos votos nacionais e roubando um número significativo de eleitores tradicionais do CNA nas suas primeiras eleições, quase seis meses depois de ter sido formado.

Aliança com AD pode ser obstáculo

No poder desde a eleição de Nelson Mandela em 1994, o CNA quer “trabalhar para construir um consenso nacional sobre a forma de governo mais apropriada”, acrescentou a porta-voz em uma coletiva de imprensa na sede do partido, no centro de Joanesburgo.

A possibilidade de um governo de coalizão ou minoritário são novos cenários após 30 anos de hegemonia desta legenda que pôs fim ao apartheid. Os analistas alertaram que o CNA corre o risco de alienar algumas das suas principais bases tradicionais ao entrar numa coligação com os três principais partidos da oposição.

Porta-voz do Congresso Nacional Africano (ANC), Mahlengi Bhengu-Motsiri, em coletiva de imprensa na sede do partido em Joanesburgo, nesta quarta-feira, 5. Foto: Themba Hadebe/AP

O comitê executivo nacional do CNA tem um encontro marcado para quinta-feira, 6, de acordo com a porta-voz. A reunião, a portas fechadas, contará com a presença dos 80 principais líderes do partido. A maioria deles apoia o presidente atual, Cyril Ramaphosa, mas algumas bancadas poderiam rejeitar a aliança com a AD, um partido economicamente liberal que se opõe à discriminação positiva contra a população negra e critica os programas sociais do CNA.

Publicidade

A Constituição estabelece que o novo Parlamento deve se reunir em 14 dias após o anúncio dos resultados para eleger o presidente, em um prazo de cerca de dez dias./AFP e AP.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.