Hassan al-Majid, figura chave durante o governo de Saddam Hussein no Iraque, foi executado por enforcamento. Ele foi sentenciado à morte quatro vezes por vários crimes, entre eles, crimes contra a humanidade e genocídio. Primo do ex-líder iraquiano pelo lado paterno, Al-Majid era conhecido como "Ali Químico" por ordenar ataques com gás letal contra a população curda no norte do Iraque em 1988. Sua influência se estendia sobre dois pilares do governo de Saddam: a família do ex-líder e o partido Baath. Antes da queda de Saddam Hussein, a imprensa árabe descrevia Al-Majid como uma figura manipuladora, que alimentava a rivalidade entre os filhos de Saddam, Qusay e Uday, na disputa para suceder o pai na presidência. Em 1987, depois de vários anos sem uma posição ministerial, al-Majid deixou os bastidores do poder e foi nomeado governador da região norte do Iraque. Iniciou-se, então, a ofensiva das tropas iraquianas contra a população curda em uma série de ataques que, segundo entidades curdas, constituíram genocídio. Um decreto assinado por al-Majid com data do dia 3 de julho de 1987 dizia: "Dentro de sua jurisdição, as forças armadas devem matar qualquer ser humano ou animal presente nessas áreas". Militantes pelos direitos homanos dizem que o Exército iraquiano iníciou a matança de dezenas de milhares de civis curdos em ataques com gás e execuções. 'Governador do Kuwait' A invasão do Kuwait pelo Iraque encerrou as atividades de al-Majid no norte. Após a anexação do país pelo governo iraquiano em agosto de 1990, al-Majid tornou-se oficialmente o governador do país do Golfo, que passou a ser considerado a 19ª província do Iraque. Em fevereiro de 1991, o Kuwait foi libertado por uma força multinacional liderada pelos Estados Unidos. Em março de 1991, al-Majid foi nomeado ministro do Interior do Iraque, e depois de uma temporada como ministro da Defesa - entre 1991 e 1995 - deixou de ocupar posições ministeriais. Ele continuou, entretanto, a ocupar cargos importantes no partido do governo, Baath Party. Desertores da Família A posição de al-Majid foi ameaçada em 1995, quando dois de seus sobrinhos (e genros de Saddam Hussein), Hussein Kamil al-Majid e Saddam Kamil al-Majid, fugiram para a Jordânia com suas famílias. Al-Majid liderou pessoalmente uma operação que resultou no assassinato dos dois irmãos, seu pai (seu próprio irmão) e de várias outras pessoas, acusadas de traição. Brigas familiares em períodos de paz não impediram que, em tempos de guerra, Saddam Hussein se voltasse a familiares em busca de apoio. Novos ataques pelos Estados Unidos e Grã-Bretanha contra o Iraque em dezembro de 1998 fizeram com que al-Majid retornasse à fronteira com o Kuwait. Ele foi nomeado comandante de uma recém-criada região no sul do país - um papel que ele viria a ocupar novamente em 2003, com a iminência da guerra que resultou na deposição de Saddam Hussein. Em março de 2003, quando a guerra começou, al-Majid era um entre quatro comandantes respondendo diretamente ao presidente. Um mês mais tarde, oficiais britânicos disseram que achavam que ele tinha sido morto em ataques aéreos contra a cidade de Basra. Porém, em junho, o secretário americano da Defesa, Donald Rumsfeld, disse que não sabia se al-Majid estava vivo ou morto. Dois meses mais tarde, militares americanos anunciaram que o temido Ali Hassan al-Majid, ou Ali Químico, havia sido capturado. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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