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Perfil: Conheça Esmail Qaani, o sucessor do general Suleimani no Irã

Analistas acreditam que tendência da Força Quds é de continuidade sob novo comando

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Por Redação

Perfil administrativo e veterano de guerra: o brigadeiro-general Esmail Qaani assume a chefia da Força Quds depois da morte de Qassim Suleimani em um ataque no Iraque ordenado pelos Estados Unidos no dia 3 de janeiro. Menos carismático que o antecessor, a escolha de Qaani levantou dúvidas sobre o futuro da força, braço de operações no exterior da Guarda Revolucionária do Irã.

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Qaani ocupava o posto de número dois da Força Quds. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, descreveu o sucessor de Suleimani como “um dos comandantes mais condecorados” da Guarda Revolucionária do Irã.

O novo chefe da Força Quds afirmou que pretende vingar a morte de Suleimani. “Deus todo poderoso prometeu a vingança. Certamente serão tomadas medidas", disse Qaani à televisão estatal iraniana na época de sua escolha.

Esmail Qaani, sucessor de Qassim Suleimani na chefia da Força Quds Foto: Office of the Iranian Supreme Leader via AP

Quem é Esmail Qaani?

Qaani, de 63 anos, nasceu na cidade de Mashhad, segunda mais populosa do Irã, no nordeste do país. Começou a carreira militar na Guarda Revolucionária do Irã, pouco depois da Revolução Islâmica, em 1979. Combateu separatistas curdos e participou da guerra Irã-Iraque, na década de 1980, período em que se tornou amigo de Suleimani. “Somos irmãos em armas e a guerra que nos tornou amigos”, disse em uma entrevista em 2015.

Em 1987, foi nomeado à frente de Ansar, um corpo que opera no Afeganistão e Paquistão, o que marcaria sua entrada na Força Quds. Segundo estudos do Arab Gulf States Institute, quando Suleimani foi designado chefe da força, entre setembro de 1997 e março de 1998, ele teria designado Qaani como adjunto. Suleimani ficou encarregado da frente ocidental, enquanto o adjunto ficou responsável pela frente oriental.

“Na parte oriental, o Irã fez diplomacia e não guerra”, afirma Thomas Flichy de La Neuville, pesquisador associado de história das civilizações orientais da Universidade de Oxford.

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Ainda segundo os registros do Arab Gulf States Institute, nesse período, Suleimani emerge rapidamente como um chefe carismático, enquanto Qaani se ocupa com atividades administrativas.

O sucessor do general popular

Para analistas, os perfis de Qaani e Suleimani são muito diferentes. “Suleimani era carismático, com grande poder persuasivo e psicológico”, relata Neuville. 

Como as centenas de milhares de pessoas presentes ao seu velório demonstraram, Suleimani é visto como um herói por inúmeros iranianos e era considerado a segunda pessoa mais poderosa do país, atrás apenas do líder supremo, Khamenei. 

Iranianos acompanham funeral de Suleimani em Kerman, cidade natal do general morto pelos EUA Foto: AP Photo

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Substituí-lo, contudo, não será impossível. “Suleimani é completamente substituível. O Irã está organizado para administrar suas operações, independentemente da pessoa”, acredita François Heisbourg, pesquisador da Fondation pour la Recherche Stratégique.

O próprio aiatolá Khamenei afirmou que a Força Quds continuaria “inalterada” ao anunciar Qaani como sucessor de Suleimani. “A tendência, a curto e médio prazo, é de continuidade”, explica Annalisa Perteghella, pesquisadora do Istituto per gli Studi di Politica Internazionale. “Pode haver mudanças a longo prazo, mas daí seguimos em território desconhecido”, analisa Perteghella. / AFP

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