GENEBRA - As procuradorias do Peru e do Equador pedem oficialmente a ajuda da Suíça para investigar as suspeitas de pagamentos de propinas da Odebrecht para políticos e agentes locais nos dois países sul-americanos em troca de contratos milionários. As indicações apontam que o dinheiro possa ter circulado por contas secretas na Suíça. Berna indicou que está disposta a colaborar, assim como já fez com o Brasil e com um pedido que enviou aos procuradores no Panamá.
“O Escritório do Procurador-Geral pode confirmar que, no contexto do caso Petrobras-Odebrecht, o Departamento Federal de Justiça nos delegou dois pedidos de ajuda legal”, afirmou o Ministério Público de Berna ao Estado.
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Uma das solicitações chegou já em novembro de 2016, vinda dos procuradores peruanos.
De acordo com os suíços, a solicitação de Lima “está sendo executada neste momento pela Procuradoria-Geral”, o que significa que os dados dos suspeitos estão sendo colhidos e contas bancárias que forem encontradas serão confiscadas.
Em Lima, o Ministério Público investiga propinas de US$ 29 milhões pagos pela construtora brasileira durante os governos dos presidentes Alejandro Toledo, Alan Garcia e Ollanta Humala. Uma missão peruana viajou até a Suíça no início do ano para formalizar a solicitação de ajuda para encontrar a rota do dinheiro, algo que Berna já indicou que está trabalhando para entregar os documentos.
No final de 2016, contas da Odebrecht foram congeladas e a empresa teve de pagar US$ 211 milhões em multas na Suíça, o que também inclui um confisco de mais de US$ 100 milhões.
O caso ainda envolve a ex-primeira-dama do Peru Nadine Humala, acusada na Justiça de Lima de ter recebido dinheiro das construtoras brasileiras para a eleição de seu marido em 2011. O Ministério Público do Peru ainda a acusa de receber um porcentual de dinheiro destinado pela Odebrecht e OAS para a construção de um hospital.
O segundo pedido veio em janeiro de 2017 dos procuradores do Equador. “Esse pedido está sendo atualmente examinado”, afirmou o Ministério Público suíço. “As solicitações se referem a informações relacionadas com a suspeita de pagamentos de propinas no contexto do caso Odebrecht”, explicaram os procuradores.
Quito quer informações sobre as revelações do Departamento de Justiça dos EUA, que indicaram que a empresa brasileira pagou US$ 33,5 milhões entre 2007 e 2016 para operar contratos no país andino.
Agora, o Equador negocia um acordo de leniência com a Odebrecht, na esperança de esclarecer quem recebeu o dinheiro.
No fim de março, Peru, Equador e Colômbia se reunirão para debater também formas de cooperar no caso envolvendo as empresas brasileiras.