Petro, Fernández e Macron negociam retomada de negociações entre chavismo e oposição na Venezuela

Encontro aumenta pressão internacional para uma solução diplomática no país latino-americano

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Por Redação
Atualização:

PARIS – O presidente francês Emmanuel Macron se reuniu nesta sexta-feira, 11, com os presidentes Gustavo Petro (Colômbia) e Alberto Fernández (Argentina) e com representantes da Venezuela para negociar retomar a mesa de negociações entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição venezuelana no México. O encontro aumenta a pressão internacional para uma solução diplomática na crise política do país latino-americano.

Segundo o jornal El País, um eventual acordo pode fixar regras para garantir eleição em 2024 que sejam supervisionadas pela comunidade internacional. O presidente Gustavo Petro acrescentou que solicitou na mesa de negociações o desbloqueio dos fundos financeiros venezuelanos, a anistia geral e um pacto de convivência para as eleições e o pós-eleições para um eventual acordo.

Presidente francês Emmanuel Macron preside reunião ao lado de presidentes Alberto Fernandez (à esq.) e Gustavo Petro (à dir.) sobre a Venezuela. Imagem é desta sexta-feira, 11 Foto: Christophe Ena/Reuters

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Nas redes sociais, Petro também registrou a presença do governo norueguês na mesa de negociação. “Na mesa onde reúnem o governo francês, norueguês, argentino, venezuelano e a oposição venezuelana para revitalizar a mesa mexicana e o acordo político venezuelano. Propus desbloqueio e anistia geral e um pacto de convivência para as eleições e depois delas”, escreveu Petro.

O presidente argentino Alberto Fernández também registrou a reunião nas suas redes sociais. “O caminho do respeito à soberania venezuelana e, ao mesmo tempo, o auxílio a qualquer possível negociação sempre foi o caminho escolhido pelo nosso governo”, escreveu.

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A mesa de negociação do México foi paralisada em outubro de 2021 por Nicolás Maduro devido à extradição para os Estados Unidos do empresário colombiano Alex Saab, que possuía acordos com o governo da Venezuela. Após um ano, existe a expectativa dela ser retomada com um acordo humanitário e garantias políticas, mas nenhuma data foi marcada até o momento.

Os três presidentes presentes ressaltaram que acreditam no diálogo como a única via para encontrar uma saída para a Venezuela. No fim do encontro, um comunicado de toda a delegação foi divulgado para manifestar apoio à retomada das negociações. “(A mesa de negociação no México) é a única via de resolver uma crise profunda que levou milhões de venezuelanos a deixar seu país”, afirmam.

Maduro, cuja reeleição em 2018 os Estados Unidos, a França e outros 50 países não reconhecem, enviou à reunião o líder da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez. A oposição venezuelana confirmou a presença de Blyde – o outro negociador-chefe no processo do México – como seu representante.

Os contatos entre os países se seguiram ao longo do dia. No Twitter, Jorge Rodriguez publicou imagens ao lado de representantes de outros países e afirmou que “o caminho da Venezuela é o diálogo, a suspensão de todas as sanções ilegais e o respeito à Constituição”. ““Pensamos que este evento permitiu ajudar e acompanhar o esforço de reativação do diálogo”, disse Jorge Rodríguez após o encontro.

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Mudança na geopolítica

A situação geopolítica atual é diferente do que era quando Nicolas Maduro foi eleito, em 2018. O mundo enfrentou a pandemia de coronavírus e a Ucrânia foi invadida pela Rússia, desencadeando uma elevação nos preços de petróleo e alimentos em todo o Ocidente. No plano político, a esquerda voltou a governar os países da América Latina, no Chile, Colômbia, Argentina e Brasil, por exemplo; o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, também parece perder força e apoio após se proclamar presidente interino em 2019.

Assim que assumiu o governo em agosto deste ano, Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, retomou relações com a Venezuela, reabrindo as fronteiras e se reunindo com Maduro em Caracas – política oposta ao do antecessor Iván Duque.

Questionado durante a COP-27 no Egito, Duque criticou a iniciativa de Paris e disse que Maduro tenta “ganhar tempo” para realizar uma nova eleição manipulada. /AFP, EFE