Piloto que desertou regime de Putin e fugiu para Ucrânia é encontrado morto na Espanha

Maxim Kuzmínov sequestrou um helicóptero de combate; em troca, Kiev ofereceu garantias de segurança, novos documentos e compensação financeira

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Por Redação

ALICANTE, Espanha - O piloto russo desertor Maxim Kuzmínov, que sequestrou um helicóptero de combate e fugiu para para Ucrânia no ano passado, foi encontrado morto na Espanha com o corpo crivado de balas.

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O corpo foi encontrado com marcas de tiros em uma garagem no município de Villajoyosa, na província de Alicante, na terça-feira, 13. A documentação encontrada não correspondia com Kuzminov e, inicialmente, o caso foi tratado como um acerto de contas. Fontes da agência EFE, no entanto, afirmaram que se trata do piloto.

A morte dele também foi confirmada pelo porta-voz da inteligência ucraniana Andri Iusov ao Kyiv Post, sem dar mais detalhes.

Já o jornal Ukrainska Pravda, também da Ucrânia, informou citando fontes da inteligência que o piloto foi morto a tiros e que perto da casa foi encontrado um carro incendiado que poderia ter sido usado no crime. O relato bate com o crime registrado em Villajoyosa.

Piloto desertor da Rússia Maxim Kuzminov fala sobre sequestro de helicóptero militar em documentário divulgado pela inteligência da Ucrânia Foto: Reprodução/ Defesa da Ucrânia

Kuzmínov sequestrou um helicóptero militar Mi-8 da Rússia e levou para região de Kharkiv, em agosto do ano passado. Ele tomou a aeronave sem falar com os outros dois tripulantes, que acabaram mortos na Ucrânia pela recusa em se render.

Em troca pelo helicóptero e por documentos secretos, Kiev ofereceu ao piloto garantias de segurança, novos documentos e uma compensação financeira.

Na época, o russo explicou que desertou porque era contra a guerra e não queria fazer parte dela. “Não quero ser cúmplice dos crimes russos. A Ucrânia vencerá – é apenas uma questão de tempo”, disse em documentário divulgado pelo setor de inteligência da Defesa ucraniana, ao tornar pública a operação envolvendo o piloto.

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Depois da fuga, ele teria decidido viver na Espanha e deixado a Ucrânia. “Ele decidiu mudar-se para Espanha em vez de ficar aqui. Pelo que sabemos: ele convidou a namorada para ir à sua casa e foi encontrado morto a tiros”, disse a fonte da inteligência ao Ukrainska Pravda.

A imprensa russa destacou relatos de vizinho espanhóis de abuso de álcool envolvendo Kuzmínov. E a agência estatal de notícias TASS sugeriu que Kiev poderia ter envolvimento com a morte. “Uma das teorias é que as agências de inteligência ucranianas poderiam ter eliminado uma testemunha inconveniente”, diz a notícia sobre o piloto desertor.

O caso veio à tona no momento em que a Rússia enfrenta a ameaça de novas sanções pela morte do opositor Alexei Navalni aos 47 anos em circunstâncias desconhecidas. Ele estava detido em uma prisão de segurança máxima no Ártico, onde cumpria pena por julgamentos que sempre denunciou como políticos. A família reclama que ainda não teve acesso ao corpo enquanto o Kremlin alega que as investigações estão em curso./COM INFORMAÇÕES DE EFE

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