SEUL - Ao menos nove pessoas morreram e outras seis estão desaparecidas em meio às fortes chuvas em Seul, capital da Coreia do Sul, que já provocaram grandes inundações nas ruas, casas e estações de metrô. Segundo autoridades sul-coreanas, este é o maior volume de água por hora em oito décadas, e há previsão de mais chuvas nos próximos dias.
Mais de 450 milímetros de chuva foram medidos no distrito de Dongjak, mais atingido de Seul, de segunda para terça-feira à noite (no horário local). A precipitação na área ultrapassou 140 milímetros por hora em um ponto na noite de segunda-feira, a maior quantidade por hora medida em Seul desde 1942.
Equipes de resgate não conseguiram alcançar três pessoas - duas irmãs de 40 anos e uma menina de 13 anos - que pediram ajuda antes de se afogar em uma casa no porão no distrito de Gwanak, no sul de Seul, na noite de segunda-feira.
Outra mulher se afogou em sua casa no distrito vizinho de Dongjak, onde um funcionário público morreu enquanto limpava árvores caídas, provavelmente eletrocutado. Choi Seon-yeong, um funcionário do escritório do distrito de Dongjak, disse que não ficou imediatamente claro se a morte foi causada por uma fonte de energia danificada ou o equipamento que o homem estava usando.
Três pessoas foram encontradas mortas nos escombros de deslizamentos de terra e de uma estação de ônibus que desabou nas cidades vizinhas de Gwangju e Hwaseong.
Dos desaparecidos, quatro são do distrito de Seocho, em Seul, onde mora o presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol. Yoon estava sendo informado sobre a chuva e dando instruções remotamente durante a noite de seu apartamento, cujo prédio foi parcialmente inundado no térreo, de acordo com seu escritório.
“Nada é mais precioso do que a vida e a segurança. O governo gerenciará completamente a situação de chuva forte com a sede central de medidas de segurança contra desastres”, escreveu Yoon em um post no Facebook na segunda-feira.
Carros e ônibus abandonados ficaram espalhados pelas ruas quando a água recuava nesta terça. Trabalhadores removeram árvores arrancadas, lama e detritos com escavadeiras e bloquearam estradas rompidas. Alertas de deslizamento de terra foram emitidos em quase 50 cidades e vilas, e 160 trilhas de caminhada em Seul e na província montanhosa de Gangwon foram fechadas.
Equipes de emergência trabalharam durante a noite para restaurar a maior parte do serviço de metrô nesta terça. Uma rota que liga as cidades ao norte de Seul foi temporariamente fechada antes de reabrir, pois a chuva contínua inundou algumas estações.
Dezenas de estradas, incluindo as principais vias expressas perto do Rio Han, foram fechadas devido ao aumento do nível da água ou inundações parciais.
O porta-voz do Ministério da Defesa, Moon Hong-sik, informou que as forças militares estão de prontidão para enviar tropas para ajudar nos esforços de recuperação caso seja solicitado por cidades ou governos regionais.
Previsão de mais chuva
A chuva começou na manhã de segunda-feira e aumentou durante a noite. Ao anoitecer, as pessoas atravessavam as águas na altura das pernas nas ruas de Gangnam, um dos bairros de negócios e lazer mais movimentados de Seul, onde carros e ônibus ficaram presos em águas lamacentas.
Os passageiros do metrô foram retirados enquanto a água descia as escadas da estação de Isu como uma cachoeira. Na cidade vizinha de Seongnam, uma encosta desabou em um campo de futebol universitário.
Quase 800 edifícios em Seul e cidades próximas foram danificados e cerca de 1.380 pessoas foram forçadas a deixar suas casas na noite de terça-feira, disse o Ministério do Interior e Segurança.
“Espera-se que as fortes chuvas continuem por dias, precisamos manter nosso senso de alerta e responder com esforço total”, disse o presidente Yoon Suk-Yeol na sede de emergência do governo.
A agência meteorológica do país manteve um alerta de chuva forte para a área metropolitana de Seul e regiões próximas na terça-feira e disse que a precipitação pode chegar a 50 a 100 milímetros por hora em algumas áreas. Além disso, cerca de 100 a 350 milímetros de chuva adicional são esperados na região da capital até quinta-feira, 11.
Tempestades também atingiram a Coreia do Norte, onde as autoridades emitiram alertas de chuva forte para as partes sul e oeste do país. O jornal oficial da Coreia do Norte, Rodong Sinmun, descreveu a chuva como potencialmente desastrosa e pediu medidas para proteger as terras agrícolas e evitar inundações no rio Taedong, que atravessa a capital, Pyongyang.
Aquecimento global
Esses intensos eventos de precipitação estão aumentando em todo o mundo por causa das mudanças climáticas, dizem cientistas. Uma atmosfera mais quente é capaz de reter mais umidade e produzir chuvas mais pesadas.
A temperatura na Coreia do Sul aumentou quase 2 ºC no século passado, o que é mais rápido que a média global. Um relatório da Agência Internacional de Energia afirma que a precipitação da Coreia do Sul aumentou e que sua quantidade média anual pode aumentar em 172,5 milímetros até o final do século, se as emissões de gases de efeito estufa não forem controladas.
As chuvas de agora estão ligadas ao contraste entre uma intensa massa de ar frio sobre o sudeste da Rússia e uma cúpula de calor sobre a China. Uma frente paralisada separa essas massas de ar opostas e está agindo como trilhos para a passagem repetida de fortes tempestades sobre a Península Coreana.
Quantidades excepcionais de umidade atmosférica estão se acumulando nessa frente - mais do que o dobro do que é típico - alimentando as chuvas históricas. A água precipitável – uma medida do teor de umidade atmosférica da altura da nuvem até o solo – está entre 64 a 76 milímetros, o que desafiaria até mesmo os registros ao longo da super úmida costa do Golfo dos EUA./AP e W.POST
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