BUENOS AIRES – A polícia argentina prendeu nesta quarta-feira, 14, mais um homem suspeito de participar do atentado à vice-presidente Cristina Kirchner. Identificado como Gabriel Nicolás Carrizo, trata-se da quarta pessoa detida por causa do ataque.
De acordo com o jornal argentino Clarín, Carrizo lidera um grupo de vendedores de algodão-doce que Brenda Uliarte, namorada do principal acusado, Fernando Sabag Montiel, e também acusada, participava. Um laudo pericial feito no celular dele teria mostrado conversas entre ele e Brenda um dia após o ataque, realizado em 1º de setembro.
A princípio, acrescenta o Clarín, Carrizo foi preso por suspeita de encobrir o ataque à vice-presidente, e não por ter feito parte do planejamento do ataque. As atividades da “gangue do algodão-doce”, um grupo de amigos do casal acusado, estariam na mira dos investigadores devido a indícios de que eles já teriam tentado assassinar Cristina em ao menos outras duas ocasiões.
Além dele, estão presos Fernando Sabag Montiel, um brasileiro de 35 anos, e as argentinas Brenda Uliarte, namorada de Montiel, e Agustina Díaz, amiga de Brenda que foi presa nesta terça-feira, 13. Os dois primeiros são acusados de planejar o ataque. Agustina, segundo os seus advogados, também é acusada de “participação no planejamento da tentativa de assassinato”, após os investigadores terem descoberto uma série de mensagens em que Brenda supostamente confessa à amiga o seu plano de assassinato da ex-presidente.
Os advogados de Agustina asseguraram que a cliente “em nenhum momento acreditou que o que ela dizia pudesse ser realizado”, considerando que Uliarte era “manipuladora”, e afirmaram que Agustina soube do ataque “pela imprensa”.
As perícias realizadas nos celulares apreendidos também revelaram na última semana que Fernando e Brenda haviam planejado um outro atentado uma semana antes, no dia 27 de agosto, mas não conseguiram colocar em prática. Na conversa dos dois neste dia, eles falam sobre a “presença de câmeras C5N” e trocam detalhes sobre horários e movimento de pessoas na residência de Cristina.
“Ela (a vice-presidente) já subiu, acho que ela não vai sair nesse momento então ela já foi, saiu, eu vou lá, fica lá. Não traga nada”, diz Sabag Montiel a Brenda em uma das mensagens.
Além disso, após ser divulgado que Brenda Uliarte trabalhava como vendedora ambulante de algodão-doce, imagens divulgadas pela imprensa argentina mostraram que um carrinho de algodão doce começou a estar presente próximo a casa da vice-presidente no dia 23 de agosto, dia em que a Promotoria da Argentina pediu que ela fosse sentenciada a 12 anos de prisão e que manifestantes começaram a fazer uma vigília no local.
O carrinho foi visto quatro dias depois, justamente na data que os policiais afirmam que o outro atentado aconteceria. A hipótese, de acordo com a imprensa local, é de que Brenda ia ao local para transmitir informações a Sabag Montiel.
A juíza do caso, María Eugenia Capuchetti, decidiu impor o sigilo da investigação e na quarta-feira aceitou o pedido da vice-presidente para ser admitida como requerente no processo.
Atentado contra Cristina Kirchner
O atentado contra a vice-presidente Cristina Kirchner aconteceu na frente da residência dela em Buenos Aires no dia 1º de setembro. Fernando Sabag Montiel apontou uma arma a menos de um metro da cabeça da vice-presidente quando ela estava cercada por simpatizantes que a aguardavam do lado de fora de sua residência.
Cristina Kirchner, de 69 anos, escapou ilesa da tentativa de ataque. A arma de fogo, apesar de ter sido acionada duas vezes, não disparou.
Fernando Sabag Montiel foi preso minutos depois do atentado. A namorada dele foi presa dias depois, acusada de planejar o ataque junto com ele. Segundo a imprensa local, o brasileiro teria se recusado a prestar depoiumento e declarou apenas que a namorada não estaria envolvida no ataque. A jovem, por sua vez, negou ter participado do atentado e afirmou que só estava “acompanhando” o namorado na ocasião. Câmeras de segurança próxima ao local do ataque flagraram a presença de Brenda no momento da ação. /EFE
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