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Polícia encontra notas em que enfermeira britânica admite assassinato de bebês; defesa nega

Promotores apresentaram os escritos no quarto dia de julgamento de Lucy Letby, acusada de matar sete bebês com injeção letal; defesa diz que as notas demonstram desespero

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Por Redação
Atualização:

LONDRES - Promotores apresentaram na última quinta-feira, 13, notas em post-its encontradas pela política na casa da enfermeira acusada de matar sete bebês. Nas notas, Lucy Letby diz ter matado os recém-nascidos de propósito por não se achar boa o suficiente para cuidas deles. Seu advogado, no entanto, diz que as cartas apresentam profundas preocupações dela com as crianças e medo de acusações futuras.

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“Eu sou má, eu fiz isso”, escreveu em letras maiúsculas a mulher de acordo com as notas apresentadas pelos promotores durante a audiência. Letby, que trabalhava na unidade neonatal do hospital Countess of Chester, no noroeste da Inglaterra, nega as acusações de sete assassinatos e dez tentativas de assassinato supostamente cometidos entre 2015 e 2016.

O julgamento começou na última segunda-feira, 10, em Manchester e no quarto dia o promotor Nick Johnson apresentou as cartas encontradas pela polícia no dia da prisão em 2018. “Eu não mereço viver. Eu os matei de propósito porque não sou boa o suficiente para cuidar deles. Sou uma pessoa terrivelmente ruim”, escreveu ela.

A entrada do Manchester Crown Court durante julgamento de Lucy Letby Foto: Oli Scarff/AFP

A polícia também encontrou documentos na casa de Letby sobre os recém-nascidos que morreram sob sua supervisão. Mas as folhas foram encontrados junto com outras nas quais a enfermeira alega inocência. “As notas mostram sua preocupação com os efeitos a longo prazo por algo que ela temia ser responsabilizada e há várias proclamações de sua inocência”, ressaltou o promotor.

“Por que/como isso aconteceu? O que levou à situação atual? Que acusações foram feitas e por quem?” e “Você tem provas escritas para apoiar seus comentários?”, ela também escreveu. Letby também colocou no papel sua frustração por ter sido retirada da unidade neonatal. “Eu não fiz nada de errado e eles não têm provas, então por que eu tenho que me esconder?” ela escreveu.

Seu advogado, Benjamin Myers KC, disse que as notas não apresentam evidências de assassinato e que seria injusto condená-la com base em desabafo. “É o choro angustiado de uma jovem com medo e desesperada ao perceber a gravidade do que está sendo dito sobre ela e esta é sua maneira de expressá-lo para si mesma”, disse.

“Esta nota reflete o estado de espírito angustiado em que a senhorita Letby se encontrava e o que sentiu quando soube de como foi acusada de matar crianças das quais fez o possível para cuidar. O que você vê lá é angústia, não culpa”, acrescentou.

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Ao tribunal, o advogado disse que a ré treinou duro para ser enfermeira neonatal e seu desejo era cuidar dos bebês. “A defesa diz que ela não é culpada de causar dano intencional a qualquer bebê ou de matar qualquer bebê. Ela amava seu trabalho. Ela se preocupava profundamente com os bebês e também cuidava de suas famílias.”

Na audiência do dia anterior, o tribunal se concentrou em outro documento escrito por ela: um cartão que ela enviou para expressar sua solidariedade à família de uma menina que é suspeita de matar.

No final de setembro de 2015, a menina, nascida prematuramente dois meses antes, começou a ter dificuldade para respirar meia hora depois que a enfermeira a alimentou. Isto foi seguido por três outras tentativas de assassinato, de acordo com a acusação. No quarto, o bebê não pôde ser reanimado.

A enfermeira é acusada de ter matado os recém-nascidos com injeções de ar no estômago ou no sangue. Há também a suspeita de que ela tenha utilizado insulina. Ela foi removida da ala neonatal em 2016 depois que um médico a conectou ao caso notando que ela era o “denominador comum” quando os bebês morriam ou passavam mal. Seu julgamento está programado para durar seis meses./Com informações da AFP

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