Um homem de Nevada com uma escopeta, uma pistola carregada, munição e vários passaportes falsos em seu carro foi detido em um posto de controle de segurança do lado de fora do comício de Donald Trump no sábado à noite no deserto no sul da Califórnia, disseram as autoridades ontem. Ele foi liberado no mesmo dia sob fiança de US$ 5 mil.
O suspeito, um residente de 49 anos de Las Vegas, estava dirigindo um SUV preto não registrado que foi parado por agentes de segurança designados para o comício em Coachella, a leste de Los Angeles, disse o xerife do Condado de Riverside, Chad Bianco, em uma entrevista coletiva ontem.
“Se você está me perguntando agora, eu provavelmente diria que nossos policiais impediram a terceira tentativa de assassinato,” disse o xerife aos repórteres. Bianco disse que o suspeito “apareceu com múltiplos passaportes com nomes diferentes, um veículo não registrado com [uma] placa falsa, e armas carregadas”.
O homem, identificado como Vem Miller, de 49 anos, residente em Nevada. Em uma entrevista depois de ser liberado, Miller disse ser um apoiador de Trump e negou tentar prejudicar o ex-presidente. “Essas acusações são uma completa besteira,” disse Miller. “Eu sou um artista, sou a última pessoa que causaria qualquer violência e mal a alguém”
A campanha de Trump não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da agência de notícias The Associated Press sobre a prisão.
“O Serviço Secreto dos EUA avalia que o incidente não afetou as operações de proteção e o ex-presidente Trump não estava em perigo,” disse o Gabinete do Procurador dos EUA em um comunicado no domingo. “Embora nenhuma prisão federal tenha sido feita até este momento, a investigação está em andamento”.
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Trump ainda não havia chegado ao comício no momento da prisão, disse o xerife no domingo. O suspeito deverá comparecer ao tribunal em 2 de janeiro de 2025, de acordo com registros online. Bianco se recusou a especular sobre os motivos ou o estado mental do suspeito.
A segurança tem sido muito rigorosa nos comícios de Trump após duas tentativas de assassinato recentes. No mês passado, um homem foi indiciado por uma acusação de tentativa de assassinato depois que as autoridades disseram que ele ficou de tocaia por 12 horas e escreveu sobre seu desejo de matá-lo.
A prisão na Flórida ocorreu dois meses depois que Trump foi baleado e ferido na orelha em uma tentativa de assassinato durante um comício de campanha na Pensilvânia.
Tentativas de assassinato contra Trump
Em setembro, um suposto assassino chegou perto de atirar no ex-presidente Donald Trump enquanto o candidato republicano jogava em seu clube de golfe, em Mar-a-Lago na Flórida, pela segunda vez em cerca de dois meses. Ele foi impedido apenas pela resposta rápida e atenta de agentes do Serviço Secreto dos Estados Unidos - levantando novas questões sobre a capacidade mais ampla da agência de proteger os candidatos sob sua responsabilidade.
O Serviço Secreto reforçou significativamente a equipe de proteção de Trump depois de sofrer intensas críticas após uma tentativa de assassinato em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho. Essa equipe reforçada, que inclui agentes adicionais e inteligência aprimorada no local, pode ter desempenhado um papel fundamental no desfecho do incidente deste fim de semana, disseram autoridades atuais e antigas.
No entanto, o fato de um atirador ter conseguido aproximar um rifle semiautomático com mira telescópica do ex-presidente, a menos de 400 metros de distância, ressaltou quantos problemas urgentes expostos no último atentado permaneciam sem solução - e quão difícil é para o Serviço Secreto responder a um ambiente político imprevisível e cada vez mais violento.
Assim como na Pensilvânia, os maiores problemas na proteção de Trump parecem envolver a segurança do perímetro de um local alvo, mesmo um que eles conheçam tão bem quanto as propriedades do ex-presidente.
Ryan Wesley Routh se posicionou nos arbustos no perímetro do clube de golfe em West Palm Beach. Um agente do Serviço Secreto estava um buraco à frente de Trump no campo e avistou o cano de uma arma, levando os agentes a abrir fogo contra o homem, disse o xerife Ric Bradshaw, do Condado de Palm Beach, em uma entrevista coletiva no domingo.
Michael Matranga, um ex-agente do Serviço Secreto que protegeu o presidente Barack Obama, disse que a agência deveria “considerar seriamente dar ao ex-presidente Trump o mesmo pacote de proteção ou um pacote igual ao do presidente dos Estados Unidos” e chamou os incidentes de “sem precedentes”.
Políticos de ambos os partidos elogiaram as ações dos agentes, mas prometeram submeter a liderança já abalada da agência a questionamentos intensos sobre a capacidade do suspeito de se posicionar tão perto do ex-presidente.
“Os fatos sobre um segundo incidente certamente merecem muita atenção e escrutínio”, disse o senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut e presidente da subcomissão do Senado que investiga as falhas de segurança em Butler. / AP e NYT
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