BANGCOC - A polícia em Bangcoc usou nesta terça-feira, 17, canhões de água e gás lacrimogêneo contra manifestantes reunidos perto do Parlamento, onde deputados e senadores debatem uma possível reforma da Constituição, uma exigência do movimento pró-democracia.
Na tentativa de pressionar os parlamentares, manifestantes lotaram o entorno do prédio, que foi isolado com blocos de concreto, arame farpado e centenas de policiais. Alguns militantes tentaram abrir caminho e agentes da polícia de choque usaram canhões para lançar uma mistura de água e produtos químicos e, pela primeira vez desde o início do movimento de protesto, gás lacrimogêneo.
Os manifestantes pedem a saída do primeiro-ministro Prayuth Chan O Cha, no poder desde o golpe de Estado de 2014, reformas para limitar os poderes da monarquia e uma revisão constitucional – a atual Carta foi adotada em 2017 e considerada muito favorável às Forças Armadas.
O Parlamento avalia quais emendas concorda em examinar. Uma votação deve acontecer nesta quarta-feira. “A votação é uma solução de compromisso, assim como a Tailândia é uma terra de compromisso”, tuitou Ford Tattep, um dos líderes do movimento pró-democracia, uma alusão a uma das raras reações do rei Maha Vajiralongkorn aos protestos que agitam o país desde fevereiro.
Parte da oposição e uma organização não governamental apresentaram propostas de emendas, em particular para reformar o Senado, a Comissão Eleitoral e o Tribunal Constitucional, que são considerados muito próximos ao Exército. Um dos projetos também estabelece que o primeiro-ministro deve, obrigatoriamente, pertencer às fileiras do Parlamento.
Os 250 senadores, indicados pela junta, não devem aceitar facilmente perder suas prerrogativas e uma possível mudança Constitucional ainda deve demorar, segundo observadores.
Os partidários da realeza também se reuniram em frente ao Parlamento pela manhã para se opor à reforma. “A modificação da Constituição levará à abolição da monarquia”, reclamou Warong Dechgitvigrom, fundador do grupo de defesa da realeza./ AFP e REUTERS
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