ASSOCIATED PRESS - A Polônia anunciou nesta quarta-feira, 30, medidas para acabar com todas as importações de petróleo russo até o final do ano. Em paralelo, a Alemanha emitiu um alerta sobre os níveis de gás natural e pediu às pessoas que economizem a energia.
As ações dos dois países são novos sinais de como a guerra da Rússia na Ucrânia aumentou as tensões sobre a segurança fornecimento de energia para alimentar a Europa.
A Polônia, que acolheu milhões de refugiados ucranianos, assumiu a liderança na União Europeia ao cortar rapidamente os combustíveis fósseis russos. O bloco de 27 países se recusou a sancionar a energia porque depende de Moscou para o combustível necessário para carros, eletricidade, aquecimento e indústria, apesar de propostas para se livrar desses suprimentos.
“Estamos apresentando o plano mais radical da Europa para deixar o petróleo russo até o final deste ano”, disse o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki em entrevista coletiva.
Isso ocorre um dia depois que a Polônia afirmou que ia proibir as importações de carvão da Rússia a partir de maio. Segundo Morawiecki, o plano do país é se tornar “independente” dos suprimentos russos. Ele também pede a outros países da União Europeia para que faça o mesmo e argumenta que o dinheiro pago pelo petróleo e gás da Rússia alimenta a máquina de guerra de Moscou.
Enquanto alguns países na Europa pedem um boicote imediato de todo o combustível fóssil da Rússia, a UE planeja reduzir as importações do gás russo em dois terços até o final do ano e acabá-las antes de 2030. Ao mesmo tempo, as medidas elevam os preços já altos do petróleo e do gás natural para os europeus e para o restante do mundo.
A estratégia da UE é focar em investimentos em energia renovável como uma solução a longo prazo, mas o bloco também se esforça para substituir os combustíveis fósseis com alguma alternativa, incluindo um novo acordo com os Estados Unidos para receber mais gás natural liquefeito (GNL), que chega de navio.
A Polônia está em processo de expansão de um terminal de GNL para receber entregas de gás do Catar, dos EUA, da Noruega e de outros exportadores. Espera-se que um novo gasoduto do Báltico, com gás da Noruega, seja inaugurado até o final do ano.
Já com relação ao petróleo, a Polônia busca reduzir a dependência por meio de contratos com a Arábia Saudita, a Noruega e os EUA. O país também considera importar do Cazaquistão.
Alemanha
A Alemanha, a maior economia da UE e uma das mais dependentes do gás natural da Rússia, assinou acordos com vários fornecedores de GNL, que é enviado para países europeus vizinhos e depois bombeado para o país. Autoridades afirmam que o foco é acabar com o uso do petróleo e do carvão russo este ano e com o uso do gás natural até meados de 2024.
Entretanto, os temores sobre os próximos meses continuam. A Alemanha emitiu um alerta antecipado nesta quarta-feira, 30, sobre o fornecimento de gás e pediu às empresas e famílias que economizem energia em meio a preocupações de que a Rússia possa interromper o abastecimento se não for pago em rublos.
As nações ocidentais rejeitaram a exigência de comprar o gás com rublos, com o argumento de que isso prejudicaria as sanções sobre a guerra. “Houve vários comentários do lado russo de que, se isso (os pagamentos em rublos) não acontecerem, os suprimentos serão interrompidos”, disse o ministro da Economia, Robert Habeck, a repórteres em Berlim.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse nesta quarta-feira que mudar os pagamentos do gás russo para rublos será um “processo prolongado”. Ele observou que sempre há uma lacuna entre o fornecimento de gás e os pagamentos e que o governo divulgará em breve os detalhes do novo plano.
Segundo Habeck, da Alemanha, essas regras são esperadas nesta quinta-feira. Ele chamou o alerta desta quarta de precaução, já que a Rússia ainda cumpre os contratos.
Ainda de acordo com o ministro, que também é ministro da Energia e vice-chanceler, o alerta está no primeiro nível de gravidade, de três planejados, e envolve o estabelecimento de uma equipe para gerenciar a crise e monitorar o fornecimento de gás.
O volume atual de gás na Alemanha é cerca de 25% da capacidade dos depósitos. “A questão de quanto tempo o gás vai durar depende basicamente de vários fatores (como) consumo e clima”, disse Habeck. “Se houver muito aquecimento, as instalações de armazenamento serão esvaziadas.”
Ele acrescentou que a Alemanha está preparada para uma parada repentina no fornecimento de gás russo, mas alertou sobre “impactos consideráveis” e pediu aos consumidores que reduzam o consumo para evitar a escassez. “Estamos em uma situação em que, devo dizer isso claramente, cada quilowatt-hora de energia economizada ajuda”, disse Habeck.
O segundo nível de alerta exigiria que as empresas do setor de gás tomassem as medidas necessárias para regular o fornecimento. O terceiro significa intervenção estatal total para garantir que aqueles que mais precisam de gás – como hospitais e residências particulares – o recebam, afirmou o ministro. “Não estamos nesta situação e não queremos ir parar nesta”, ressaltou.
A associação da indústria de energia da Alemanha (BDEW) apoiou o movimento do governo. Embora ainda não haja escassez, “é necessário que todos os envolvidos tenham um roteiro claro em caso de interrupção do fornecimento”, disse a presidente Kerstin Andreae.
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