Polvo ‘pega carona’ em tubarão na Nova Zelândia; veja vídeo

Pesquisadores viram uma mancha colorida no topo da cabeça de um tubarão; ao olharem mais de perto, perceberam que ela tinha oito braços

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Por Melissa Hobson (The New York Times)

Quando avistou um tubarão-mako no Golfo de Hauraki, na Nova Zelândia, a ecologista marinha Rochelle Constantine, da Universidade de Auckland, ficou preocupada. O animal tinha uma curiosa massa marrom-alaranjada pousada no topo da cabeça. “No início, pensei: ‘É uma boia?’”, disse Constantine. “‘Ele está preso em equipamentos de pesca ou levou uma grande mordida?’”

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A técnica Wednesday Davis enviou um drone para obter uma visão mais próxima do tubarão de três metros de comprimento. Enquanto o barco se aproximava, sua colega Esther Stuck mergulhou uma câmera na água para registrar imagens subaquáticas.

“Conseguimos ver esses tentáculos se movendo”, contou Constantine. Os olhos delas não estavam enganados. Um polvo estava montado no tubarão. Elas o apelidaram de “sharktopus” (uma mistura de tubarão com polvo, em inglês) e disseram que foi uma das coisas mais estranhas que já viram no oceano.

A equipe identificou o passageiro de oito braços como um polvo Maori. Esses cefalópodes robustos podem se esticar até dois metros e pesar cerca de 12 quilos, sendo os maiores polvos do hemisfério Sul. Mesmo montado em um grande predador como o tubarão-mako-de-barbatana-curta, o polvo ocupava bastante espaço.

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“Dá para ver que ele toma uma boa parte do território na cabeça do tubarão”, disse Constantine sobre o encontro, que os pesquisadores registraram durante uma expedição de campo para estudar a vida marinha e as aves, em dezembro de 2023.

Pesquisadores flagram o momento em que um polvo pega carona em um tubarão na Nova Zelândia Foto: Esther Stuck e Wednesday Davis/University Of Auckland

“O polvo parecia bem feliz”

Com os braços encolhidos em uma bola compacta, o passageiro clandestino parecia tentar passar despercebido. O polvo não estava agarrado ao tubarão “como alguém se segurando desesperadamente em um bote”, brincou Constantine. “De vez em quando, dava para ver um tentáculo sendo puxado para dentro.”

Embora o tubarão talvez não conseguisse enxergar o esperto cefalópode, provavelmente estava ciente da presença dele. Tubarões possuem órgãos sensoriais chamados linhas laterais ao longo do corpo, que os ajudam a perceber o ambiente ao redor.

Tubarões e baleias às vezes atraem peixes-rêmora, que se fixam a eles para proteção e removem pele morta e parasitas. Os makos são conhecidos por saltar para fora da água, e alguns pesquisadores acreditam que eles fazem isso para se livrar desses passageiros quando se tornam incômodos. Mas esse tubarão, em particular, não parecia incomodado com sua carona. “O tubarão parecia bem feliz, e o polvo parecia bem feliz”, disse Constantine. “Foi uma cena muito tranquila.”

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“Não temos ideia de como eles se acharam”

Os makos-de-barbatana-curta são os tubarões mais rápidos do mundo, podendo nadar a 74 km/h. “Assim que o tubarão acelerasse, provavelmente o polvo não conseguiria se segurar”, acrescentou.

Mas qual foi o destino dessa dupla improvável? “Não temos ideia do que aconteceu depois”, disse ela. Se o polvo caiu, o tubarão pode tê-lo comido. Por outro lado, como estavam em águas rasas — entre 30 e 40 metros de profundidade — há uma chance de que o polvo tenha pousado em segurança no fundo do mar.

O maior mistério é como esses animais se encontraram. Polvos Maori vivem no leito marinho, enquanto os makos podem nadar a mais de 300 metros de profundidade, mas não costumam frequentar o fundo do oceano. “Não faz sentido que esses dois animais estivessem no mesmo lugar e momento para se encontrar”, disse Constantine. “Não temos ideia de como eles se acharam.”

“É quase impossível especular como, ou por que, esse tubarão e esse polvo acabaram juntos, ou qual era a natureza da conexão entre eles”, disse Abigail McQuatters-Gollop, professora associada de conservação marinha da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, que não participou da pesquisa de Constantine. “Mas isso importa?”

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Embora intrigante, McQuatters-Gollop acredita que o que a equipe observou é, acima de tudo, um lembrete de quanto ainda desconhecemos sobre o oceano e da importância de protegê-lo. “O ambiente natural é um lugar onde coisas extraordinárias acontecem a cada minuto de cada dia”, disse ela.

c.2024 The New York Times Company

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

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