'Populismo pop' fortalece campanha de Cristina

A 14 dias da eleição presidencial, sexagenário peronismo exibe ares modernos em cafés temáticos, desenhos animados, videogames e quinquilharias

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Por ARIEL PALACIOS, CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES

A imagem de Juan Domingo Perón tomando um cafezinho e exibindo seu tradicional sorriso faz jus a seu apelido, nos primeiros anos de governo, no fim dos anos 40: "General Kolynos". Ao seu redor estão cinco professoras aposentadas. Todas sorriem. Elas explicam. "Simpatizávamos com o peronismo de esquerda nos anos 70, mas não éramos peronistas. Agora, somos 'cristinistas'", dizem.O Perón em questão é um boneco hiper-realista sentado à mesa de um bar chamado Um Café com Perón, no bairro da Recoleta, ao lado da Biblioteca Nacional, em cujo terreno, até 1955, estava o palácio presidencial onde Perón viveu com Evita.Perón está morto - e teve direito a dois funerais. O primeiro foi em 1974. O segundo, em 2006. Os dois velórios são sinais de quem se trata: o morto mais influente da política argentina. Na última meia década, coincidindo com os governos peronistas de Néstor Kirchner e Cristina Kirchner, o peronismo passou por um "revival".Nos últimos anos, surgiram "cafés peronistas" - ironicamente chamados de Hard Rock Cafés do peronismo - onde o General Kolynos tem sua memorabilia ao lado de Evita, a protetora dos humildes.A modernização do peronismo é acompanhada pela produção de desenhos animados com apologia ao casal e pelo lançamento de videogames. Em alguns, Perón é um imenso robô que, como os Transformers, arrasa seus inimigos. Há também uma vasta bibliografia e merchandising de camisetas e chaveiros com a efígie de Perón e Evita. De quebra, grupos de rock fazem versões heavy metal da emblemática marcha Los Muchachos Peronistas. A presidente Cristina - na reta final da campanha para as eleições presidenciais do dia 23 - cita Evita permanentemente como modelo a seguir e até imita seu jeito esbaforido de discursar. Há um mês, com fundos públicos e por decreto, Cristina inaugurou um mural de dez andares com a face de Evita em pleno centro de Buenos Aires.Para irritação dos antiperonistas, o local tornou-se um novo cartão postal da capital. Na internet e em outdoors, os militantes kirchneristas fazem fotomontagens que mostram Perón no céu ao lado do também falecido Néstor Kirchner.Os analistas políticos argentinos destacam que o casal Kirchner, que no começo ignorava a liturgia peronista e seus símbolos, percebeu o filão de recorrer à simbologia do partido e faz de tudo para tirar partido do fenômeno.

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