A emblemática “Porta do Inferno” no Turcomenistão, uma cratera que arde a 400ºC provavelmente há mais de 50 anos e se tornou atração turística, fascinando e aterrorizando visitantes por décadas, pode estar com seus dias contados. A informação é da CNN.
De acordo com a reportagem, a cratera de Darvaza, localizada no coração do deserto de Karakum e também conhecida como “Portões do Inferno” ou “Brilho de Karakum”, consiste em chamas alimentadas por metano, que escapam de dezenas de aberturas ao longo do chão e das paredes do local. A cratera é a principal parada em quase todos os passeios pelo país asiático, diz a emissora.
O governo do Turcomenistão, no entanto, já mencionou em várias ocasiões a possibilidade de selar a cratera de alguma forma, enquanto aqueles que visitam Darvaza há anos dizem que as chamas estão muito menores do que antes.
A cratera fica a 260 quilômetros da capital Ashgabat. Ela tem aproximadamente 70 metros de largura e 30 metros de profundidade. A CNN aponta que uma cerca de segurança foi adicionada em 2018 para impedir que os visitantes se aventurem muito perto do sumidouro em chamas - ao redor da borda, é possível sentir o calor intenso emanando do buraco.
Segundo a CNN, quando os viajantes começaram a se aglomerar em Darvaza, não havia serviços ou comodidades - hoje há três acampamentos permanentes com acomodações de uma noite em tendas, além de refeições e transporte para a borda da cratera.
Origem incerta
Há controvérsias sobre a origem da cratera, diz a CNN, aparentemente porque os relatórios de quando o Turcomenistão era parte da União Soviética estão faltando, incompletos ou ainda confidenciais.
Uma das teorias mais aceitas é que ela surgiu em 1971, após uma perfuração geológica soviética mal-sucedida, que resultou no colapso do solo e na formação da cratera. Para evitar a dispersão de gases venenosos, os geólogos teriam decidido incendiar o local - a expectativa era que o incêndio duraria apenas algumas semanas, mas ele continua até hoje, com chamas ardendo a 400ºC.
Uma outra teoria é a de que a cratera tenha sido formada em algum momento na década de 1960, borbulhando com lama e gás por um tempo e sendo incendiada somente na década de 1980. Hipóteses para a ignição do gás incluem uma granada de mão ou os soviéticos apenas jogando um fósforo.
O local atrai diversos aventureiros e curiosos de todo o mundo. Ao mesmo tempo que reconhece o valor turístico da cratera, o governo do Turcomenistão também busca maneiras de mitigar os impactos ambientais e possíveis problemas de saúde com origem no fenômeno. Um desses esforços seria o de extinguir as chamas e transformar Darvaza em um local de produção de gás natural, também evitando a perda de um recurso natural valioso, segundo a CNN.
A emissora americana destaca que, em 2022, o jornal estatal Neytralny Turkmenistan relatou que o presidente havia pedido ao seu gabinete para consultar cientistas para encontrar uma maneira de extinguir as chamas e fechar o local para o turismo. O governo não respondeu a um pedido de comentário da emissora.
Dylan Lupine, da Lupine Travel, sediada no Reino Unido, que foi uma das pioneiras em trazer turistas ao Turcomenistão, disse à CNN que a queima reduziu em cerca de 40% em relação à primeira vez que ele a viu, em 2009. Apesar de não haver nada oficial sobre o fim da “Porta do Inferno”, os moradores temem que, se a cratera for extinta, o turismo no Turcomenistão sofrerá um grande golpe e muitos deles ficarão sem trabalho.
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