Portugal declara estado de calamidade por conta de incêndios florestais

Até a noite de quarta-feira, mais de 100 incêndios florestais ocorriam no país; foram registradas sete mortes até o momento

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Por Redação
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Mais de 100 incêndios florestais sobrecarregaram milhares de bombeiros no norte de Portugal na quarta-feira, 18, com sete mortes desde que o pior surto de incêndios em anos saiu de controle no final de semana.

O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, declarou estado de calamidade nas áreas mais atingidas na noite de terça-feira, invocando poderes para mobilizar mais bombeiros e servidores civis. Ele também pediu que os investigadores da polícia intensificassem os esforços para encontrar os responsáveis por iniciar os incêndios e prometeu ajudar aqueles que perderam suas casas ou foram evacuados.

Bombeiros trabalham para extinguir um incêndio nos arredores de Sever do Vouga, uma cidade no norte de Portugal que está cercada por incêndios florestais há vários dias  Foto: Bruno Fonseca/AP

210 mil pessoas expostas

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“Estamos bem cientes de que essas horas difíceis ainda não terminaram”, disse Montenegro à nação em um discurso televisionado. “Temos que continuar a dar tudo o que temos e pedir ajuda aos nossos parceiros e amigos para reforçarmos a proteção do nosso povo e das nossas propriedades.”

O serviço de satélites europeu Copernicus disse que mais de 15 mil hectares foram queimados e 13 quilômetros de frente de fogo foram detectados até a noite de terça-feira. O serviço acrescentou que uma área com cerca de 210 mil pessoas estava exposta ao risco de incêndio.

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As condições quentes e secas que provocaram os incêndios em Portugal coincidiram com enchentes na Europa Central. A União Europeia disse na quarta-feira que os fenômenos climáticos extremos justapostos são prova de um “colapso climático”.

Ajuda

A Espanha enviou 240 soldados e veículos de seus batalhões de resposta emergencial, especializados em combate a incêndios, para ajudar seu vizinho. Quatro aviões de combate a incêndios da França, dois da Espanha e dois da Itália foram mobilizados após atender a um pedido de ajuda de Portugal.

Marrocos também respondeu ao pedido com dois aviões de combate a incêndios que chegaram na quarta-feira. “A densa fumaça produzida pela maioria desses incêndios está dificultando muito a operação das unidades aéreas”, disse o oficial da Proteção Civil, André Fernandes. “Ainda estamos em alto risco de incêndios florestais nas próximas 48 horas.”

Fumaça cinza espessa e o cheiro de madeira queimada alcançaram cerca de 85 quilômetros além da fronteira, no noroeste da Espanha. Montenegro fez um apelo especial para que as forças de segurança persigam tanto incendiários quanto indivíduos que iniciaram incêndios por negligência.

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Incêndio atinge área ao norte de Portugal Foto: Bruno Fonseca/AP

Prisões

A polícia nacional portuguesa informou que prendeu sete homens suspeitos de iniciar incêndios nos últimos dias. As autoridades proibiram o uso de equipamentos agrícolas pesados para reduzir o risco de iniciar um incêndio acidentalmente. Entre as áreas mais afetadas está o distrito de Aveiro, ao sul da cidade de Porto, mas vários grandes incêndios também estavam fora de controle em outras áreas florestais.

As autoridades ainda não divulgaram números sobre os danos materiais ou o número de deslocados, mas a emissora estatal portuguesa RTP mostrou casas queimadas em vilarejos rurais e moradores locais tentando combater as chamas com baldes de água, mangueiras e até galhos de árvores grandes. Outras imagens televisionadas mostraram a visibilidade reduzida a poucos metros enquanto fumaça laranja envolvia o terreno.

Três bombeiros morreram na terça-feira em seu veículo, enquanto outro sucumbiu a uma “doença súbita” enquanto estava de serviço no fim de semana. Três civis também morreram, segundo autoridades de proteção civil. Serviços de saúde atenderam 10 pessoas gravemente feridas e outras 49 com ferimentos leves, disse Fernandes.

Portugal foi devastado em 2017 por grandes incêndios que mataram mais de 120 pessoas. Especialistas ligam os incêndios tanto às mudanças climáticas quanto ao abandono de profissões tradicionais de agricultura e silvicultura que ajudavam a manter as áreas rurais livres de vegetação rasteira, que agora serve de combustível para os incêndios./AP

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