O presidente dos EUA, Donald Trump, recebeu o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, na Casa Branca nesta quinta-feira, 27. O tema principal do encontro foi a guerra na Ucrânia, apesar das divergências claras entre os líderes sobre como garantir uma paz duradoura.
Starmer pretendia pressionar Trump a não abandonar Kiev, em um momento em que o presidente dos Estados Unidos parece inclinado a ignorar as reivindicações ucranianas e se apressa em fechar um acordo que garantirá aos americanos a exploração de terras raras ucranianas.
“Você criou um momento de tremenda oportunidade para chegar a um acordo de paz histórico — um acordo que eu acho que seria celebrado na Ucrânia e ao redor do mundo”, Starmer disse a Trump. “Esse é o prêmio. Mas temos que acertar. Não pode haver paz que recompense o agressor”, disse Starmer.

Trump, por sua vez, disse que as negociações para encerrar a guerra estão “muito avançadas”, mas também alertou que há apenas uma janela estreita para fechar um acordo. “Se não acontecer rapidamente, pode não acontecer”, alertou.
O republicano disse confiar que o presidente russo, Vladimir Putin, não violaria os termos de um possível acordo de paz, mesmo tendo se recusado a prometer apoio militar dos EUA para uma força de manutenção da paz. “Acho que ele manterá sua palavra”, disse Trump.
Os comentários de Trump deixam clara sua aproximação com o presidente russo, um dia antes do presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, chegar a Washington para assinar um acordo que permitirá que os Estados Unidos explorem as terras raras da Ucrânia, e uma semana depois de ele chamar o ucraniano de “ditador”.
Na coletiva, o presidente dos EUA elogiou Zelenski em sua defesa contra a invasão da Rússia e disse que eles teriam uma “reunião muito boa” nesta sexta-feira. Mas ele não respondeu à pergunta sobre se ele se desculparia por chamá-lo de ditador.
“Temos muito respeito. Eu tenho muito respeito por ele. Nós demos a ele muito equipamento e muito dinheiro, e eles lutaram muito bravamente”, disse Trump ao lado de Starmer.
A visita do premiê britânico ocorreu dias depois de o presidente francês Emmanuel Macron viajar a Washington no início desta semana. Os líderes europeus têm tentado convencer os EUA de que o plano de envio de tropas de paz europeias para a Ucrânia só pode funcionar com um apoio dos EUA — por meio de inteligência aérea, vigilância e suporte dos EUA, bem como cobertura de resposta rápida em caso de violações de uma trégua.
Mas os esforços de Starmer pareceram não ter funcionado. Trump não fez menção às forças dos EUA apoiando uma missão de manutenção da paz que inclua tropas britânicas.
Questionado o que aconteceria se o Reino Unido enviasse tropas de manutenção da paz para a Ucrânia e a Rússia rejeitasse um acordo de paz, Trump jogou a pergunta para Starmer: “Vocês poderiam enfrentar a Rússia sozinhos?”, perguntou, provocando risadas dos presentes.
O governo de Starmer aumentará os gastos militares para 2,5% do produto interno bruto até 2027, anos antes do esperado, e pretende atingir 3% até 2035. Os EUA gastam cerca de 3,3% do seu PIB em Defesa.
“O desastre na Ucrânia mostra exatamente por que é tão importante para o Reino Unido e outros parceiros da Otan fazer grandes investimentos em suas capacidades de defesa”, disse Trump. “Vocês estão aumentando bastante, o que é uma ótima coisa a se fazer pelo seu país. É uma ótima coisa a se fazer. É triste que precisemos disso, mas provavelmente precisamos disso”. /AP e NYT.