Premiê do Reino Unido vai aumentar gasto com Defesa em meio à discordâncias com Trump sobre Ucrânia

O anúncio ocorre antes do encontro entre o primeiro-ministro britanico, Keir Starmer, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quinta-feira, 27

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Por Redação
Atualização:

LONDRES-O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou nesta terça-feira, 25, que o país irá realizar cortes no orçamento de ajuda internacional para aumentar os gastos com o setor de defesa. O anuncio ocorre durante discussões envolvendo líderes europeus sobre como contribuir mais com a defesa da Ucrânia, em meio a lacuna deixada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Starmer afirmou durante uma sessão no Parlamento que o Reino Unido irá aumentar os gastos com o setor de defesa para 2,5% do PIB até 2027 e para 3% até o final do próximo mandato do governo, que seria no máximo em 2034. O anúncio busca enviar um sinal para Trump antes do encontro entre os dois líderes, que está marcado para quinta-feira, 27, na Casa Branca.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anuncia um aumento nos gastos do Reino Unido com o setor de defesa  Foto: Parlamento do Reino Unido/AFP

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Os trabalhistas já tinha prometido aumentar as despesas com defesa para 2,5% do PIB em relação ao nível atual, que está em 2,3%, mas Starmer não tinha dado uma data para o aumento. “Devemos mudar a nossa postura de segurança nacional porque um desafio geracional exige uma resposta geracional”, disse Starmer.

O primeiro-ministro afirmou que a mudança seria financiada por cortes no setor de ajuda externa para o desenvolvimento, que irá passar de 0,5% do PIB para 0,3%. Starmer apontou que lamentava a redução, mas acreditava na necessidade dos cortes. “Em momentos como este, a defesa e a segurança do povo britânico devem estar sempre em primeiro lugar”, disse ele.

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Durante o anuncio, Starmer ressaltou a importância da parceria entre Londres e Washington. “É uma relação especial. É um relacionamento forte. Quero que seja cada vez mais forte.”

Otan e Ucrânia

Desde seu primeiro mandato, Donald Trump afirma que os europeus gastam menos do que deveriam no setor de defesa. Ele chegou a questionar a presença dos Estados Unidos na Otan por conta desta lacuna. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que teve boa relação com Trump quando era primeiro-ministro da Holanda, também apelou para que países europeus gastem mais do que 3% do PIB com defesa.

Fontes do Exército do Reino Unido afirmaram ao jornal britânico The Guardian que o aumento do Reino Unido de 2,3% para 2,5% até 2027 não será suficiente para reconstruir e remodelar as Forças Armadas. Para eles, um aumento para pelo menos 3% do PIB é necessário para aumentar a capacidade militar do Reino Unido.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, discursa em um evento que marcou o terceiro aniversário da invasão russa na Ucrânia  Foto: Frank Augstein/AFP

O plano de Trump de negociar um acordo de paz na Ucrânia com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sem que ucranianos nem europeus fossem convidados a participar, forçou líderes já atordoados em capitais como Berlim, Londres e Paris a confrontar uma série de escolhas difíceis, compensações dolorosas e novos fardos custosos.

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Na semana passada, Starmer ofereceu o envio de tropas britânicas para ajudar a garantir a segurança da Ucrânia como parte de um possível acordo de paz. A proposta foi apoiada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e está sendo discutida com Washington.

O mandatário francês se encontrou com Trump na segunda-feira, 24, e tentou projetar unidade entre a Europa e os EUA. Apesar disso, os dois líderes ressaltaram suas posições opostas em vários assuntos e Macron corrigiu uma afirmação de Trump de que a Europa seria reembolsada pela sua ajuda à Ucrânia.

Os principais líderes europeus devem se encontrar no domingo, 2, em uma reunião em Londres para discutir planos conjuntos para a segurança do continente.

Corte na ajuda internacional

O corte britânico no setor de ajuda internacional é o segundo em cinco anos no Reino Unido. O ex-primeiro-ministro Boris Johnson também realizou uma redução no setor. A medida ocorre em meio a cortes drásticos da administração Trump na Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

Starmer indicou que a medida era temporária, devido ao cenário de segurança no mundo. A presidente do comité de desenvolvimento internacional da Câmara dos Comuns, Sarah Champion, apelou a Starmer para repensar a decisão. “Cortar o orçamento de ajuda para financiar despesas de defesa é uma falsa economia que apenas tornará o mundo menos seguro”, apontou a parlamentar./com NYT