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Premiê francês indicado por Macron enfrenta dificuldades para formar governo

Em meio a uma série de negociações de Michel Barnier, fontes próximas ao chefe de governo afirmaram que o anúncio da escolha de ministros não deverá ser feito ainda nesta semana

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Por Redação
Atualização:

O novo primeiro-ministro francês, o conservador Michel Barnier, tem enfrentado dificuldades para formar o prometido “governo de unidade” cujo objetivo é amenizar a crise política de uma França dividida. Em meio a uma série de negociações de Barnier, fontes próximas ao chefe de governo afirmaram nesta segunda-feira, 16, que o anúncio da escolha de ministros não deverá ser feito ainda nesta semana.

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Barnier, 73 anos, que foi nomeado para suceder Gabriel Attal no dia 5 de setembro, iniciou as negociações um dia após ser nomeado para o cargo. Mas passados 10 dias, Vincent Jeanbrun, porta-voz do partido de centro-direita Republicanos (LR), que Barnier representa, disse nesta segunda-feira que o primeiro-ministro tinha “uma equação complexa para resolver” e que é improvável que ele nomeie ministros antes do próximo domingo, 22, relatou o jornal francês Le Monde.

Na tarde desta segunda-feira, Barnier recebeu novamente os líderes do LR Gérard Larcher, presidente do Senado, Laurent Wauquiez, presidente dos deputados, e Bruno Retailleau, seu homólogo no Senado.

Barnier foi nomeado para suceder Gabriel Attal no dia 5 de setembro, mas passados 10 dias ainda não conseguiu formar seu governo. Foto: JEFF PACHOUD/ AFP

Laurent Hénart do Partido Radical, Gabriel Attal, líder dos deputados macronistas e Charles de Courson, relator do Orçamento Geral e executivo do pequeno grupo centrista LIOT, também se encontraram com o premiê.

Figuras de esquerda como Stéphane Le Foll, que foi ministro da Agricultura no governo de François Hollande, e o prefeito socialista de Saint-Ouen, Karim Bouamrane, também foram procurados para integrar o governo, mas ambos disseram ao Le Monde que recusaram a proposta.

Ex-negociador do Brexit, Barnier quer uma equipa não só “de direita”, mas com “gente de esquerda”. Nos bastidores de seus encontros, o primeiro-ministro tem dito que busca um governo “pluralista” e “equilibrado”.

A missão é complicada. A antecipação inesperada das eleições legislativas que estavam marcadas para 2027 por parte do presidente Emmanuel Macron deixou a Assembleia Nacional fragmentada em três blocos principais, todos distantes da maioria absoluta.

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O premiê poderia formar um governo principalmente com as forças de Macron e o LR, mas o partido anunciou há semanas que só apoiaria o governo se este defender a “ordem nas contas e nas ruas”, assim como “menos imigração, mais segurança”.

Moção de censura

Após semanas de consultas, a nomeação de Barnier aconteceu graças ao fato de o partido de direita radical Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen ter descartado, ao menos por enquanto, uma moção de censura contra Barnier.

Le Pen, que afirmou que não participará em uma coalizão, enumerou suas prioridades: poder aquisitivo, combater a “imigração fora de controle” e a insegurança, além de modificar o sistema eleitoral.

A direita radical de Marine Le Pen tem apostado na convocação de uma nova eleição no próximo ano. No último fim de semana, ela disse a lideranças do RN que esperava que o mandato de Barnier como primeiro-ministro fosse “o mais breve possível”.

Embora a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) tenha levado a maioria dos assentos nas legislativas, o RN emergiu como o partido político mais poderoso e tem um poder decisivo sobre qualquer governo, a menos que o NFP e os centristas se unam como oposição.

Barnier ao lado do chefe do (LR), Laurent Wauquiez, do membro do LR do Parlamento Europeu Francois-Xavier Bellamy e do chefe do grupo parlamentar do Senado do LR, Bruno Retailleau em 12 de setembro. Foto: JEFF PACHOUD/AFP

Nesta segunda-feira, Jordan Badella, que é presidente do RN, declarou que “nada pode ser feito sem o RN” e ameaçou uma moção de censura contra qualquer novo governo que “reciclasse” o ministro do interior de Macron, Gérald Darmanin, ou o ministro da justiça, Éric Dupond-Moretti.

“Se Michel Barnier continuar com o programa conduzido por Emmanuel Macron há sete anos, que foi severamente derrotado nas urnas das eleições europeias e legislativas... então o governo cairá”, disse à rádio RTL. “Se o Sr. Barnier ecoar as esperanças expressas por milhões de franceses, então votaremos nos projetos de lei caso a caso.”

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Da mesma forma, Fabien Roussel, secretário nacional do Partido Comunista Francês, um dos quatro que integram a coalizão NFP, também declarou que estava disposto a usar uma moção de censura. “Ele [Barnier] é um veterano de 50 anos de política de direita… A moção de censura está na mesa. Está pronta, estamos trabalhando nela”, disse Roussel, conforme relatou o The Guardian.

Na França, o presidente compartilha o poder Executivo com o governo e é responsável por nomear o primeiro-ministro, que pode ser de outra tendência política, sem consultar a Assembleia Nacional, cuja única opção de oposição é aprovar uma moção de censura.

Demissão na Comissão Europeia

Enquanto Barnier tenta formar seu governo, o influente comissário europeu do Mercado Interno, o francês Thierry Breton, anunciou sua demissão da Comissão Europeia nesta segunda-feira, alegando que a presidente da instituição, Ursula von der Leyen, pediu a retirada de sua candidatura durante as negociações sobre a composição do novo gabinete do Executivo europeu.

Em questão de minutos, o presidente francês, Emmanuel Macron, propôs um novo candidato, o ministro das Relações Exteriores Stéphane Séjourné, ex-eurodeputado e líder da bancada centrista ‘Renew’, que disse que a indicação é uma “honra imensa”.

A saída repentina do ex-ministro francês, de 69 anos, provocou um choque em Bruxelas, onde a publicação da lista dos futuros comissários estava marcada inicialmente para terça-feira, 17. Ao Le Monde, a equie de Barnier se recusou a associar a demissão em Bruxelas a uma possível entrada de Breton no futuro governo francês./Com AFP.

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