Presidente da Alemanha dissolve Parlamento e convoca eleições antecipadas para 23 de fevereiro

Medida de Frank-Walter Steinmeier estava prevista como parte do processo de dissolução do governo alemão após parlamentares aprovarem moção de desconfiança do chanceler Olaf Scholz

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Por Redação

BERLIM - O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, dissolveu nesta sexta-feira, 27, a câmara baixa do Parlamento e convocou eleições antecipadas para 23 de fevereiro de 2025.

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A dissolução do Bundestag, que tem 736 assentos, por Steinmeier estava prevista como parte do processo de dissolução do governo alemão, após parlamentares aprovarem moção de desconfiança do chanceler Olaf Scholz, no último dia 16.

Scholz perdeu maioria legislativa após ter demitido o ministro das Finanças, Christian Lindner. Com isso, seu partido, os Democratas Livres (FDP), deixaram o governo, mergulhando a Alemanha em uma crise política.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, fala durante sessão do Parlamento, onde perdeu o voto de confiança Foto: Markus Schreiber/AP

O voto de desconfiança desencadeou oficialmente o início da campanha eleitoral, com o desafiante conservador Friedrich Merz, que as pesquisas apontam como favorito para substituir Scholz, criticando o governo atual por impor regulamentações excessivas e sufocar o crescimento econômico.

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Os conservadores têm uma vantagem confortável de mais de 10 pontos sobre o Partido Social-Democrata (SPD) nas principais pesquisas. A Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema direita, aparece ligeiramente à frente do SPD, enquanto os Verdes ocupam o quarto lugar.

Embora os partidos tradicionais se recusem a formar governo com a AfD, a presença do partido complica a aritmética parlamentar, tornando mais prováveis coalizões instáveis e difíceis de gerenciar.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, teve um voto de confiança contra seu governo aprovado pelo Parlamento de seu país em 16 de dezembro. O resultado, que já era esperado por conta de Scholz ter perdido a maioria legislativa, consolidou o colapso de seu governo.

Um total de 394 deputados votaram para dissolver o governo atual, contra 207 que votaram pela manutenção de Scholz, enquanto 116 se abstiveram. Uma moção de confiança é votada quando parlamentares sentem a necessidade de reavaliar o governo, no caso de países parlamentaristas ou semiparlamentaristas.

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Scholz já sabia da falta de governabilidade quando perdeu a maioria no Parlamento, por isso ele mesmo pediu que os deputados votassem a moção de confiança, o que abriria caminho para eleições antecipadas na Alemanha, em fevereiro de 2025.

Mesmo derrotado na moção de confiança, Scholz permanecerá no cargo até a constituição do novo Parlamento a partir da eleição.

O colapso do governo Scholz marca um momento incomum para a Alemanha: esta será apenas a quarta eleição antecipada nos 75 anos desde a fundação do estado moderno alemão.

O presidente da CSU (União Social Cristã) Alexander Dobrindt (à esquerda) e o líder da União Democrata Cristã (CDU) Friedrich Merz falam à mídia após o voto de desconfiança contra o chanceler alemão no Bundestag  Foto: Ralf Hirschberger/AFP

A queda governo na maior economia da União Europeia ocorre em um momento de tensões elevadas com a Rússia por conta da guerra na Ucrânia e segue a tendência de outros países do bloco, como a França.

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A Alemanha não votava uma moção de confiança desde 2005, quando o então chanceler Gerhard Schröder convocou e perdeu o voto. À época, o voto como parte de uma estratégia para antecipar eleições, que foram vencidas por uma margem estreita pela desafiante de centro-direita Angela Merkel.

As pesquisas mostram que o partido de Scholz, os Social-Democratas, que ocupam 207 assentos no Bundestag, está atrás do bloco de centro-direita da União, liderado pelo opositor Friedrich Merz. O vice-chanceler Robert Habeck, cujos Verdes estão ainda mais atrás nas pesquisas, também está concorrendo ao cargo de chanceler.

A Alternativa para a Alemanha, partido de extrema-direita que está com boa colocação nas pesquisas, nomeou Alice Weidel como sua candidata a chanceler, mas não tem chances de assumir o cargo, pois os outros partidos se recusam a trabalhar com ela.

O chanceler alemão Olaf Scholz (à direita) entra no Palácio presidencial de Bellevue para se reunir com o presidente alemão e pedir-lhe que dissolva o parlamento após o voto de confiança contra ele, em Berlim Foto: John Macdougall/AFP

Crise política na Alemanha

A Alemanha embarcou em novembro em uma grave crise política, quando Scholz demitiu seu ministro das Finanças. O político liberal foi destituído do cargo após discordâncias sobre a política econômica.

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O governo de Olaf Scholz é composto por uma coalizão entre social-democratas, ecologistas e liberais. Após a demissão, os outros ministros liberais do governo anunciaram renúncia, deixando o gabinete de Scholz sem maioria no Parlamento Federal.

“Precisamos de um governo capaz de agir e que tenha força para tomar as decisões necessárias para o nosso país”, argumentou Scholz em discurso após demitir seu ministro das Finanças, defensor de uma rigorosa austeridade orçamentária.

O presidente do país, Frank-Walter Steinmeier, já havia dito que poderia convocar eleições antecipadas — na Alemanha, que tem regime parlamentar, o chanceler é o chefe de governo, e o presidente tem funções protocolares. / AFP, AP e NYT

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