Presidente do Egito propõe trégua de dois dias em Gaza para entrega de reféns israelenses

País é um dos mediadores entre Hamas e Israel; Conselho de Segurança da ONU se reunirá novamente nesta segunda-feira, a pedido do Irã, para tratar sobre a situação no Oriente Médio

Atualização:

JERUSALÉM - O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, propôs neste domingo (27) uma trégua de dois dias na Faixa de Gaza para libertar reféns retidos no território palestino, onde o exército israelense e o Hamas travam uma guerra desde há mais de um ano.

Sissi, cujo país é um dos mediadores entre Hamas e Israel, propôs no Cairo “dois dias de cessar-fogo” durante os quais “quatro reféns seriam trocados por alguns prisioneiros” mantidos nas prisões de Israel, onde neste domingo se lembra o primeiro aniversário hebraico do ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 no sul do país, que desencadeou a guerra em Gaza.

Presidente palestino, Mahmud Abbas e o egípcio Abdel Fattah al-Sisi em reunião bilateral durante a cúpula dos Brics, na semana passada, na Rússia  Foto: Thaer Ghanaim/THAER GHANAIM

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Esta trégua precederia “negociações que acontecerão dentro de 10 dias” para garantir “um cessar-fogo completo e a entrada de ajuda” na Faixa de Gaza, acrescentou o presidente egípcio, sem detalhar se havia apresentado seu plano ao Hamas ou a Israel.

No ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel, 1.206 pessoas, a maioria civis, morreram pelas mãos de milicianos islâmicos, que também capturaram 251 reféns, de acordo com um balanço feito com base em dados oficiais israelenses que inclui os reféns mortos em cativeiro.

Das pessoas sequestradas naquele dia, 97 ainda são mantidas em cativeiro em Gaza, mas 34 delas foram declaradas mortas pelo exército israelense.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já deixou 42.924 pessoas mortas, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

Israel trava uma guerra contra o Hamas em Gaza e contra o Hezbollah no Líbano. Os dois grupos são apoiados pelo Irã e pertencem ao que a República Islâmica denomina de “eixo de resistência” contra o Estado israelense.

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Presidente do Irã diz que não quer guerra, mas promete ‘resposta apropriada’

Neste domingo, um dia depois de Israel bombardear instalações militares no Irã, o presidente deste país, Masoud Pezeshki, afirmou que a República Islâmica não quer guerra, mas prometeu dar uma “resposta apropriada” a esses ataques, apesar dos pedidos internacionais de contenção.

De acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, esse ataque “preciso e potente” alcançou “todos os seus objetivos”.

Iranianos queimam bandeiras de Israel e dos EUA em meio a recrudescimento dos conflitos na região Foto: -/-

As autoridades iranianas indicaram que os ataques provocaram “danos limitados” e o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, disse que os ataques não devem ser “exagerados nem minimizados”. Os bombardeios mataram quatro militares.

Segundo o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, na tarde dos bombardeios, o Irã “recebeu indicações sobre a possibilidade de um ataque naquela mesma noite”.

Israel ameaçou fazer o Irã “pagar um preço alto” em caso de resposta, e o Conselho de Segurança da ONU se reunirá em caráter de urgência na segunda-feira, a pedido do Irã, para tratar sobre a situação no Oriente Médio.

Os bombardeios israelenses foram uma resposta ao ataque iraniano com mísseis contra Israel de 1º de outubro. Teerã disse que essa ação foi uma retaliação aos bombardeios israelenses contra o Líbano que mataram um general iraniano e o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, no final de setembro. Também justificou a operação como uma resposta ao assassinato em território iraniano do então líder do Hamas, Ismail Haniyeh, atribuído a Israel.

Caminhão atropela 30 pessoas em Israel e autoridades investigam atentado

Em meio a um contexto crítico, um caminhão avançou neste domingo contra um ponto de ônibus perto de uma sede do Mossad, o serviço de inteligência externa de Israel, em Ramat Hasharon, no centro do país.

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O ataque deixou um morto e quase 30 feridos, segundo a polícia. As forças de segurança ainda investigam se foi um “ataque terrorista”.

Polícia israelense inspeciona caminhão que atropelou e feriu 30 pessoas Foto: Oded Balilty/AP

Ainda neste domingo, no norte da Faixa de Gaza, território governado pelo Hamas desde 2007, testemunhas reportaram bombardeios, sobretudo em Jabalia, onde o Exército israelense empreendeu uma ofensiva terrestre e aérea em 6 de outubro para, segundo ele, impedir o reagrupamento de combatentes do Hamas.

Um bombardeio israelense contra uma escola próxima à Cidade de Gaza, utilizada como refúgio para deslocados, matou nove palestinos.

“A difícil situação dos civis palestinos presos no norte de Gaza é insuportável”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, citado por seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

A agência libanesa de notícias NNA informou neste domingo, 27, que bombardeios israelenses atingiram o subúrbio ao sul de Beirute, reduto do Hezbollah, e as imediações da cidade de Tiro, no sul do país. As autoridades também afirmaram que oito pessoas morreram perto de Sidom, em outro bombardeio.

O Hezbollah, por sua vez, anunciou que bombardeou uma base militar perto da cidade israelense de Haifa.

Desde 23 de setembro, quando Israel iniciou uma ofensiva aérea contra o Hezbollah no Líbano -- acompanhada de una operação terrestre desde o dia 30 do mesmo mês -- pelo menos 1.620 pessoas morreram no Líbano, segundo um balanço feito com base em dados oficiais./AFP

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