Após ser impedido de viajar, presidente consegue deixar o Sri Lanka em avião militar

Gotabaya Rajapaksa, de 73 anos, foi impedido por funcionários de embarcar em voo internacional; novas rotas de fuga por mar e ar são examinadas pelo presidente

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Por Redação
Atualização:

Três dias depois de fugir do palácio presidencial ao perceber a aproximação de milhares de manifestantes, o presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, conseguiu deixar o país na madrugada desta quarta-feira (horário local), 13, em um avião militar com destino às Maldivas, segundo as autoridades locais. Ele havia tentado sair na segunda-feira, 11, em um voo para Dubai, mas foi impedido por funcionários do serviço de imigração.

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Em uma nova tentativa de saída, Rajapksa, de 73 anos, deixou o país com a esposa e um guarda-costas a bordo de um avião Antonov-32, que decolou do principal aeroporto internacional de Sri Lanka.

Até então, o chefe de Estado estava em uma base militar do país depois de sair do palácio presidencial, na capital Colombo, invadido por manifestantes no sábado, 9. Ele saiu do local momentos antes da invasão ao lado da esposa e escoltado por forças de segurança.

Após ficar sob a proteção dos militares, Rajapaksa planejava deixar o país com a esposa em um voo com destino a Dubai na segunda. Porém, funcionários do serviço de imigração impediram que o presidente se dirigisse a uma área reservada do aeroporto para carimbar o passaporte - ele queria evitar o terminal público por medo da reação dos compatriotas. Com a negativa, ele não conseguiu embarcar.

O irmão do presidente, Basil, ex-ministro das Finanças do Sri Lanka, também foi impedido de embarcar em um avião também com destino a Dubai. De acordo com um funcionário do aeroporto ouvido pela France-Presse, passageiros protestaram contra o embarque de Basil.

“Foi uma situação tensa e ele decidiu abandonar o aeroporto de forma precipitada”, disse o funcionário.

Após a disputa frustrada com o serviço de imigração do aeroporto, Gotabaya Rajapaksa examinava nesta terça-feira a possibilidade de fugir do país em uma embarcação de patrulha da Marinha. Uma vez que ainda não renunciou - a promessa é de que entregará o cargo na quarta-feira, 13, sob a justificativa de garantir uma transição pacífica -, Rajapaksa permanece com imunidade presidencial, o que pode utilizar para buscar refúgio no exterior.

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O gabinete do presidente não informou sobre a situação, mas uma fonte do Ministério da Defesa do Sri Lanka afirmou que, como Rajapaksa permanece comandante em chefe das Forças Armadas, existe a possibilidade que ele utilize um navio militar para chegar até Índia ou Maldivas.

Outra alternativa, acrescentou a fonte ouvida pela France-Presse, seria fretar um avião para transportá-lo do segundo aeroporto internacional do país, em Mattala, inaugurado em 2013 e que recebeu o nome do irmão mais velho do presidente, Mahinda. O local é considerado um elefante branco, sem voos internacionais regulares, e provavelmente um dos aeroportos internacionais menos utilizados do mundo.

Fuga apressada

Um dos fatos que ilustram a retirada apressada da família presidencial da residência em Colombo veio a público na segunda-feira, 11. Manifestantes encontraram no local uma mala repleta de documentos e dinheiro em espécie - 17,85 milhões de rúpias (o equivalente a cerca de 50 mil dólares ou 270 mil reais).

O dinheiro foi entregue pelos manifestantes à polícia, de acordo com um porta-voz da força pública de segurança. “A polícia recebeu o dinheiro em espécie e o entregará à justiça”./ AFP

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