Xi Jinping e Putin firmam 14 acordos, em meio a ameaças de sanções dos EUA

Acordos focam principalmente na questão econômica entre os dois países; Putin diz que vai analisar propostas de paz apresentadas por Xi

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Por Redação
Atualização:

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o seu contraparte chinês, Xi Jinping, prometeram nesta terça-feira, 21, expandir a parceria econômica e fortalecer a cooperação militar a fim de ampliar a confiança mútua entre suas Forças Armadas com exercícios militares, em meio a ameaças de sanções dos EUA se a China fornecer armas à Rússia.

Delineando uma ordem econômica alinhada com seu objetivo comum de contrabalançar os Estados Unidos e seus aliados ocidentais, os dois líderes assinaram 14 acordos com foco principalmente na colaboração econômica – entre eles a construção de um gasoduto que levará gás russo pela Sibéria até o norte da China.

Putin disse que a Rússia está pronta para atender à crescente demanda da China por energia, sugerindo que Pequim continuará sendo um enorme mercado para as exportações da Rússia, reforçando a economia russa contra as duras sanções ocidentais sobre a invasão da Ucrânia.

Planos de paz

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Com relação ao plano de paz que Xi apresentou a Putin, o líder russo elogiou a posição “construtiva e equilibrada” da China, mas jogou sobre a Ucrânia e o Ocidente a responsabilidade por um avanço. “Muitos dos pontos incluídos no plano de paz da China estão em consonância com a posição russa e podem servir de base para uma solução pacífica quando o Ocidente e Kiev estiverem preparados para isso”, disse Putin após uma reunião de quatro horas e meia com Xi no Kremlin, acrescentando que não viu tal disposição nesse sentido.

O encontro ocorre pouco depois do aniversário de um ano da ofensiva militar russa contra a Ucrânia, que provocou significativas turbulências geopolíticas e econômicas em escala global. “Sempre estamos abertos a negociações. Falaremos sem dúvidas de todas essas questões, incluindo suas iniciativas, que tratamos com respeito”, afirmou Putin a Xi durante um encontro “informal” transmitido pela televisão russa, garantindo que Moscou e Pequim têm “inúmeros objetivos em comum”.

Xi Jinping, por sua vez, celebrou as “estreitas relações” entre os dois países e sua “cooperação estratégica global”. “A China está disposta a permanecer de maneira firme ao lado da Rússia, em nome de um verdadeiro multilateralismo e de uma multipolaridade no mundo”, disse Xi.

Xi Jinping inicia visita de 3 dias a Moscou e ressalta importância da cooperação entre China e Rússia  Foto: Sergei KARPUKHIN / SPUTNIK / AFP

Para China e Rússia, a viagem tem o objetivo particular de demonstrar a força de suas relações, no momento em que os dois países enfrentam tensões com as potências ocidentais.

Para Putin, cada vez mais isolado no cenário internacional, a visita de Xi é especialmente importante. Na sexta-feira, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu uma ordem de prisão contra o presidente russo por “crimes de guerra” na Ucrânia.

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Após o encontro “informal” da segunda, que durou quatro horas e meia, o presidente russo acompanhou seu convidado fora do Kremlin. Nesta terça, os dois dirigentes manterão conversas oficiais e se espera que assinem acordos para aprofundar a cooperação bilateral, particularmente econômica.

Ajuda a Kiev

Em paralelo ao encontro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta terça-feira que chegou a um acordo com o governo ucraniano para estabelecer um plano de ajuda no valor de US$ 15,6 bilhões (R$ 81,7 bilhões).

O acordo será apresentado nos próximos dias para a aprovação da direção do FMI. “O PIB da Ucrânia caiu 30% em 2022, uma grande parte do setor industrial foi devastada pela guerra e a pobreza disparou”, indicou em um comunicado o chefe da missão do FMI, Gavin Gray. Apesar dos obstáculos, o governo ucraniano conseguiu “manter a estabilidade financeira e macroeconômica, principalmente graças ao substancial apoio internacional e a adoção de políticas sensatas”, acrescentou.

Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, a Ucrânia recebeu mais de US$ 20 bilhões (R$ 104,8 bilhões) em forma de empréstimos do Banco Mundial e mais de U$ 110 bilhões (R$ 576,7 bilhões) dos EUA, incluindo apoio militar. Boa parte desses recursos permitiu à Ucrânia manter em funcionamento os serviços públicos, pagar a seus funcionários e dar apoio aos milhares de deslocados internos.

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No campo militar, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu que o mundo não se deixe “enganar” pelas propostas da China para pôr fim ao conflito na Ucrânia e anunciou US$ 350 milhões (R$ 1,83 bilhão) adicionais em ajuda militar a Kiev. Pouco antes, a União Europeia havia anunciado um pacote de 2 bilhões de euros (R$ 11,23 bilhões) para facilitar a entrega de munições à artilharia ucraniana.

Paz duradoura

Depois de ter participado da recente reconciliação diplomática entre Arábia Saudita e Irã, Pequim deseja atuar como mediador na Ucrânia. A China não condenou publicamente a ofensiva da Rússia e critica o governo dos Estados Unidos por fornecer armas à Ucrânia.

No fim de fevereiro, Pequim apresentou um plano de 12 pontos para pedir negociações de paz e o respeito à integridade territorial.

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A postura de Pequim foi criticada pelos países ocidentais, que consideram que o país oferece cobertura diplomática à guerra russa e suas propostas não apresentam soluções práticas.

O governo dos EUA já afirmou que não apoiaria um novo pedido chinês de cessar-fogo durante a visita de Xi a Moscou. Blinken afirmou que Washington acolhe satisfatoriamente qualquer iniciativa diplomática para uma “paz justa e duradoura”, mas duvida que a China esteja salvaguardando a “soberania e a integridade territorial” da Ucrânia.

“Qualquer plano que não priorize este princípio fundamental é, na melhor das hipóteses, uma tática dilatória ou simplesmente busca um resultado injusto”, afirmou Blinken. “Pedir um cessar-fogo que não inclua a retirada das forças russas do território ucraniano seria apoiar efetivamente a ratificação da conquista russa”, acrescentou.

O The Wall Street Journal reportou que Xi pode estar planejando a primeira conversa telefônica com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, desde o início do conflito.

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Na segunda, a Ucrânia reiterou seus apelos a Moscou para que retire suas tropas e pediu que Xi “empregue sua influência sobre Moscou para acabar com a guerra de agressão” em seu território. / AFP, NYT, EFE, WP

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