Opinião | Pressão na Venezuela deve aumentar e vai testar a coesão da ditadura chavista

Maduro entrou nessa eleição buscando reconhecimento internacional e alívio das sanções, mas, dadas as condições atuais, a obtenção de ambos parece muito improvável

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Por Alejandro Arreaza (Americas Quarterly)*

O resultado da eleição presidencial de 28 de julho continua sendo contestado. Um grande número de pessoas compareceu às urnas e a votação foi relativamente tranquila.

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Várias pesquisas de boca-de-urna, como a da Edison Research, e contagens rápidas dos votos indicaram uma vitória esmagadora do candidato da oposição Edmundo González Urrutia, com 65% dos votos. Essa estimativa é semelhante, ou até mesmo superior, ao que as pesquisas pré-eleitorais indicavam.

No entanto, após o fechamento dos centros de votação, a situação mudou drasticamente. A oposição começou a denunciar irregularidades em alguns centros de votação, incluindo uma interrupção inexplicável da transmissão dos resultados de várias seções eleitorais.

O ditador da Venezuela Nicolás Maduro se dirige apoiadores do lado de fora do Palácio Miraflores após resultado anunciado pelo CNE Foto: Fernando Vergara/AP

O alto comando militar fez então uma declaração sinalizando que Maduro havia sido reeleito. Quando o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgou seu relatório oficial, afirmou que Maduro havia vencido com 51% dos votos.

O forte contraste imediatamente provocou alegações de fraude por parte da oposição. A comunidade internacional, por sua vez, achou os resultados “difíceis de acreditar”, nas palavras do presidente chileno Gabriel Boric. Isso empurra a situação para o mais complexo dos cenários possíveis. As pressões internas e externas testarão a coesão do governo.

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As tensões parecem destinadas a aumentar. A reação inicial da oposição foi cautelosa. Ela está concentrada em coletar o maior número possível de contagens oficiais e certificadas de votos nos locais de votação. A oposição disse que na manhã de segunda-feira já havia coletado mais de 40% das contagens.

As manifestações podem se unir a qualquer momento. As pesquisas pré-eleitorais sugeriam que os venezuelanos estavam dispostos a protestar se houvesse evidência de fraude.

Enquanto isso, os EUA solicitaram uma auditoria da votação e o Brasil pressiona pelas atas da votação. A pressão interna e externa ainda pode forçar negociações, ou até mesmo levar a uma ruptura dentro do chavismo que poderia resultar em uma transição, embora por um caminho mais incerto.

Maduro entrou nessa eleição buscando reconhecimento internacional e alívio das sanções, mas, dadas as condições atuais, a obtenção de ambos parece muito improvável. Pelo contrário, sanções adicionais podem estar sendo planejadas.

Se Maduro permanecer no cargo, isso trará riscos significativos de queda para a economia do país e para a reestruturação da dívida. Uma solução com os credores no curto prazo será menos provável, e novas negociações podem ser necessárias antes de abrir um possível caminho para a reestruturação da dívida.

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Um atraso no processo implicaria em custos de oportunidade significativos para os credores. Além disso, na ausência de uma transição política, questões institucionais e de credibilidade poderiam limitar a recuperação econômica, restringindo a capacidade de pagamento do governo e reduzindo os valores de recuperação da dívida em qualquer reestruturação potencial da dívida.

Opinião por Alejandro Arreaza (Americas Quarterly)*

Economista do Barclays

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