Pressão por tanques para Ucrânia na guerra une políticos e líderes empresariais; leia a análise

Zelenski, que falou em vários eventos realizados em Davos nesta semana, reiterou a determinação de seu país em expulsar as forças russas de suas terras

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Por Ishaan Tharoo

DAVOS, Suíça — Nesta reunião anual em que as elites globais são instadas a colaborar, cooperar e se dar bem, uma mensagem soou mais forte: enviem as armas. Como na sessão anterior do Fórum Econômico Mundial em maio, a guerra na Ucrânia foi onipresente nas discussões. E enquanto os líderes políticos expressaram seu firme apoio a Kiev, o mesmo aconteceu com uma série de figurões corporativos.

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Na manhã de quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, apareceu virtualmente para uma conversa moderada por Fareed Zakaria, da CNN, que se juntou na sala a uma lista de proeminentes ministros e políticos ocidentais, bem como CEOs e gestores de fundos.

Zelenski, que falou em vários eventos realizados em Davos nesta semana, reiterou a determinação de seu país em expulsar as forças russas de suas terras. Mas a causa ucraniana, como Kiev insiste há muito tempo, precisa ser fortalecida por aço estrangeiro. “Nosso objetivo é desocupar todos os nossos territórios”, disse Zelenski, incluindo explicitamente a Crimeia, que a Rússia anexou em 2014. “A Crimeia é nossa terra, é nosso território, é nosso mar e montanhas. Dê-nos suas armas e recuperaremos o que é nosso”.

Sentado ao lado de Zakaria, o ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson – que, apesar de sua controvertida demissão, continua sendo uma figura popular entre os ucranianos – ecoou o apelo de Zelenski por um novo pacote de ajuda que fornecerá tecnologia e equipamentos militares mais sofisticados. Isso inclui vários tipos de veículos de ataque de vários países.

Soldados ucranianos removem tanque russo destruído em combate Foto: REUTERS/Anna Voitenko

Em Davos, o sentimento era avassalador. “Dê a eles os tanques! Não há absolutamente nada a perder”, insistiu Johnson, acrescentando que o mundo precisa confiar mais na coragem e no espírito de luta dos ucranianos. “Nós continuamente subestimamos a disposição e a capacidade dos ucranianos de lutar e defender sua pátria. … Eles provaram que o mundo estava completamente errado. Eles vão vencer. Precisamos ajudá-los a vencer o mais rápido possível.”

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Muitas vezes, no Fórum Econômico Mundial, há uma lacuna entre o que os líderes mundiais dizem publicamente e as elites empresariais admitem a portas fechadas. O digno liberalismo defendido pelos anfitriões – sua linguagem de inclusão, desenvolvimento e sustentabilidade – se dissolve diante do pragmatismo (ou cinismo) e do interesse próprio dos fabricantes de dinheiro.

Quando o ex-presidente Donald Trump fez sua estreia em Davos, muitas outras figuras políticas falaram sobre os perigos inerentes ao seu tipo de nacionalismo e seu desrespeito intencional pelo consenso científico em torno de um planeta em aquecimento. Mas a comunidade empresarial estava muito menos perturbada e aguardava ansiosamente os cortes de impostos que eventualmente encheriam suas contas bancárias.

Na Ucrânia, porém, uma unidade ocidental mais difundida parecia estar em exibição em Davos nesta semana. A própria cidade abraçou a Ucrânia. Durante anos, o encontro anual foi repleto de interesses oligárquicos russos, mas agora os funcionários do Kremlin e os executivos de negócios russos são persona non grata - uma fonte de inquietação apenas para alguns participantes. Um pavilhão da Ucrânia financiado pelo magnata ucraniano Viktor Pinchuk ao longo da avenida principal de Davos ficou lotado durante a semana. Enquanto isso, o prédio que durante anos foi o local do principal pavilhão russo foi cedido ao estado indiano de Maharashtra.

Em seu pavilhão, a empresa de tecnologia americana Palantir recebeu o vice-primeiro-ministro ucraniano Mykhailo Fedorov, que comemorou o uso de seu país do software baseado em dados da Palantir em ua guerra contra a Rússia.

Na mesma sessão de café da manhã, Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior administradora de ativos do mundo, falou sobre seus planos de ajudar a coordenar bilhões de dólares em financiamento de reconstrução para a Ucrânia, dizendo esperar que a iniciativa também transforme o país em um “farol do capitalismo”. David Solomon, CEO da Goldman Sachs, falou alegremente sobre o futuro da Ucrânia no pós-guerra. “Não há dúvida de que, à medida que você reconstruir, haverá bons incentivos econômicos para retorno real e investimento real”, disse ele.

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Qualquer que fosse o otimismo dos negócios, poucos diplomatas ou políticos estavam prontos para prever como essa guerra intratável terminaria. Zelenski insistiu que é impossível falar sobre negociações enquanto não houver um parceiro de boa fé do outro lado. “Quando falamos sobre ‘conversações de paz’ – não entendo com quem estaríamos falando. … Acho que a Rússia precisa primeiro produzir alguém e depois propor algo”, disse ele.

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Uma sucessão de líderes europeus, como a primeira-ministra finlandesa Sanna Marin, insistiu que seus governos manteriam o apoio total à Ucrânia “pelo tempo que fosse necessário”. Membros de uma delegação bipartidária do Congresso dos EUA ecoaram o sentimento. A retórica desmente as preocupações mantidas em particular por muitos funcionários. O diretor da CIA, William J. Burns, viajou recentemente a Kiev para se encontrar com Zelenski para informá-lo sobre as expectativas dos EUA para as próximas campanhas militares da Rússia e transmitir que, em algum momento, a escala da atual assistência à Ucrânia pode ser mais difícil de conseguir.

Mais uma razão, afirmam os apoiadores da Ucrânia, para apressar a ajuda agora e ajudar a Ucrânia a obter ganhos mais rápidos. “Sempre que a Ucrânia entra em negociações, ela deve entrar o mais forte possível”, disse-me o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto. “No momento parece muito difícil e talvez o conflito deva chegar a um certo ponto em que ambos os lados cheguem à conclusão de que é hora de entrar na mesa de negociações”, disse Haavisto. “Acho lamentável, especialmente para a população civil da Ucrânia, que isso continue, porque vemos as táticas muito cruéis da Rússia”.

Na ausência de um diálogo significativo, Haavisto apontou algumas “pequenas medidas” tomadas – disputas sobre a liberação dos suprimentos de grãos da Ucrânia, trocas de prisioneiros, mediação sobre uma usina nuclear – que mostram o potencial para maiores esforços diplomáticos. “É importante ver a luz do sol no fim do túnel”, disse ele.

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