Diante de Zelenski, Lula condena ‘violação da integridade territorial da Ucrânia’

Presidente do Brasil alertou para o risco de uma guerra nuclear e ressaltou ser preciso falar de paz

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Foto do author Eduardo Gayer
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A HIROSHIMA - Na primeira crítica explícita à Rússia ao longo da cúpula do G-7, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resolveu mudar o tom e afirmou que o presidente Vladimir Putin deveria se explicar à Organização das Nações Unidas (ONU) pela invasão da Ucrânia, novamente condenada por ele. A declaração foi feita de improviso - não consta do discurso oficial - durante a sessão “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero” e ocorreu na presença do presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. Lula também condenou a violação da integridade territorial da Ucrânia.

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“Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares.Tenho repetido quase à exaustão que é preciso falar da paz”, disse Lula

Lula também defendeu que a guerra na Ucrânia seja discutida pelas Nações Unidas. De acordo com o Itamaraty, Lula falou de improviso sobre o tema durante a reunião — que foi fechada para a imprensa. O presidente Lula afirmou que os envolvidos no conflito — incluindo o presidente russo, Vladimir Putin — deveriam se explicar no âmbito da ONU. No discurso, o presidente brasileiro também voltou a defender a reforma no Conselho de Segurança da ONU:

Presidente Lula (canto esquerdo) participa de painel no G-7 com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski (canto direito): encontro inviabilizado por 'agendas incompatíveis' Foto: Ricardo Stuckert/PR

“A falta de reforma do Conselho de Segurança é o componente incontornável do problema. O Conselho encontra-se mais paralisado do que nunca. Membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, seja em busca de expansão territorial, seja em busca de mudança de regime”, disse o presidente durante o discurso na sessão de trabalho “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”, que começou ao meio-dia de domingo no Japão (meia-noite de domingo pelo horário de Brasília).

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Para o brasileiro, “os mecanismos multilaterais de prevenção e resolução de conflitos já não funcionam” e é preciso lembrar que as guerras hoje “vão muito além da Europa”, destacando o Oriente Médio e o Haiti.

Lula também fez uma crítica indireta a EUA, França e Reino Unido, também presentes, dizendo que os “membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão”, não só com expansão territorial, caso da Rússia, mas “em busca de mudança de regime”.

Após a reunião de trabalho, esperava-se que o presidente brasileiro tivesse uma reunião bilateral com o líder ucraniano, mas as negociações não prosperaram. Após pressão da comunidade internacional, a delegação brasileira chegou a negociar o encontro com a contraparte ucraniana.

A informação oficial é que as agendas não se compatibilizaram. Lula ofereceu horários em aberto na sua programação deste domingo, mas a equipe de Zelenski não conseguiu encaixar nos horários vagos.

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O presidente ucraniano vai dar uma coletiva de imprensa em Hiroshima nesta noite e, em seguida, já retorna a Kiev. Lula decola para o Brasil amanhã cedo, depois de uma coletiva de imprensa.

Para além da agenda, uma hipótese é que o encontro não tenha acontecido por questões de segurança. Zelenski está em uma restrita e com segurança reforçada na cidade japonesa, enquanto o presidente Lula passou o dia em reuniões no hotel em que está hospedado em Hiroshima considerado mais vulnerável.

O pedido para o encontro bilateral partiu de Zelenski, no início do sábado, mas a demora em confirmar a agenda gerou rumores de que Lula poderia recusar o encontro para não desagradar à Rússia. A mesma solicitação havia sido feita pelo ucraniano à Índia e o primeiro-ministro Narendra Modi o recebeu no mesmo dia.

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