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Prestador de serviço do governo americano é acusado de espionar para a Etiópia, afirmam autoridades

Conexão do prestador de serviço com a Etiópia, um país que recebe ajuda significativa dos Estados Unidos, é incomum

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Por Adam Goldman e Glenn Thrush

WASHINGTON — Um prestador de serviço que trabalhou para os Departamentos de Estado e de Justiça dos Estados Unidos foi preso e acusado de espionar para a Etiópia, de acordo com várias autoridades americanas cientes da situação.

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O homem, Abraham Lemma, de 50 anos, de Silver Spring, Maryland, foi indiciado em duas acusações de violar a Lei de Espionagem e preso no mês passado. Pouco se sabe a respeito do caso, que corre em segredo na Corte Distrital em Washington e poderá ser revelado publicamente esta semana. Não foi possível localizar o advogado e a família de Lemma.

O perfil de Lemma no LinkedIn o descreve como um analista de sistemas que presta serviço em meio-período para o Departamento de Estado, registrado no Serviço de Segurança Diplomática do organismo desde 2019.

Departamento de Justiça em Washington, 16 de junho de 2023. Um prestador de serviço que trabalhou para os Departamentos de Estado e de Justiça dos EUA foi preso e acusado de espionagem para a Etiópia, de acordo com várias autoridades americanas com conhecimento da situação.  Foto: Sarah Silbiger / NYT

A conexão de Lemma com a Etiópia, um país que recebe ajuda significativa dos EUA, é incomum.

Muitos dos casos recentes de espionagem investigados pelo Departamento de Justiça envolvem esforços multifacetados da China no sentido de se infiltrar em agências do governo e empresas americanas; seja roubando segredos comerciais e informações econômicas de inteligência ou recrutando residentes dos EUA para trabalhar como espiões ou intimidar dissidentes. No mês passado, dois membros da Marinha americana foram indiciados por espionar para a China, acusados de furtar segredos militares e outras informações sensíveis.

EUA e Etiópia têm uma parceria antiga, e não está claro que tipo de informação sensível Lemma, formado na Universidade de Baltimore, obteve nem por quanto tempo ele ajudou o país africano.

Mas não é incomum potências amigas buscarem informações dentro dos EUA para fornecer aos seus líderes instantaneamente informações políticas, econômicas ou militares, de acordo com autoridades e ex-autoridades americanas.

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Essa via também funciona no sentido reverso. O conjunto de documentos sensíveis do governo americano que Jack Teixeira, membro da Guarda Nacional Aérea em Massachusetts, postou em uma plataforma de games online ilustrou o amplo alcance das agências de espionagem dos EUA incluindo em capitais de países amigáveis, como Egito, Coreia do Sul, Ucrânia e Emirados Árabes Unidos.

Esta foto de arquivo de 13 de abril de 2016 mostra o selo da Agência Central de Inteligência na sede da CIA em Langley, Virgínia.  Foto: Carolyn Kaster / AP

Os documentos incluem memorandos da CIA relatando conversas privadas em níveis graduados dos governos desses países, alguns atribuídos a “inteligência de interceptação de sinais” ou a escutas eletrônicas.

Mesmo que o vazamento mostre a amplitude do alcance dos EUA, a reação diplomática à revelação foi silenciosa — em parte porque governos estrangeiros passaram a considerar esse tipo de atividade rotina na década que passou desde que Edward Snowden vazou comunicações internas do governo revelando que uma sofisticada rede de vigilância global vasculhava caixas de e-mail e chamadas nos telefones de amigos e algozes.

A Etiópia, situada no geopoliticamente crítico Chifre da África, é um dos países mais pobres do planeta, enfrentando seca, fome, instabilidade política e um conflito sangrento com sua vizinha Eritreia.

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O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2019 por reiniciar negociações de paz com e o governo eritreu. Mas em 2020, combates irromperam entre as Forças Armadas da Etiópia e um grupo paramilitar da região de Tigré, no norte do país, deixando dezenas de milhares de mortos.

Desde 2020, os EUA deram à Etiópia mais de US$ 3 bilhões em ajuda para colaborar com sua recuperação da guerra civil e da seca, de acordo com o Departamento de Estado. Este ano, o secretário de Estado, Antony Blinken, visitou a Etiópia como parte de um esforço para estreitar relações dos EUA em meio à crescente influência de Rússia e China. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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