Em meio à instabilidade política e a especulações sobre a continuidade do processo democrático após a morte do presidente Jovenel Moïse, o Haiti confirmou uma troca de primeiros-ministros nesta segunda-feira, 19. Ariel Henry, primeiro-ministro designado por Moïse antes de sua morte, substituirá o primeiro-ministro interino Claude Joseph, que vinha governando o país desde a morte do ex-presidente no começo do mês, segundo fontes do governo.
Quando Moïse foi assassinado, a troca de primeiro-ministro já estava programada, com a saída de Joseph e a entrada de Henry. No entanto, o presidente designou o novo primeiro-ministro um dia antes de seu assassinato, não havendo tempo para a mudança ser concluída, o que levantou dúvidas sobre quem seria o responsável por organizar as eleições para definir a sucessão presidencial.
O ministro de assuntos eleitorais haitiano, Mathias Pierre, afirmou que Joseph deve renunciar ao cargo para viabilizar a posse de Henry, mas ponderou que "as negociações ainda estão em andamento". Pierre acrescentou que Joseph voltaria a ser ministro das Relações Exteriores. Agências internacionais já dão a troca como certa, mencionando fontes do governo não identificadas.
O ainda primeiro-ministro vinha governando com o apoio da polícia e dos militares e se comprometeu a trabalhar com todos - incluindo o primeiro-ministro nomeado e Joseph Lambert, o chefe do inativo Senado do Haiti. Apoiadores de Lambert, porém, divulgaram recentemente uma declaração apoiando-o como presidente provisório do país.
A mudança de poder ocorre após uma declaração de um grupo-chave de diplomatas internacionais, no sábado, 17, que se posicionaram contra a continuidade de Joseph no poder, ao pedir a criação de "um governo consensual e inclusivo".
"Para o efeito, encoraja fortemente o primeiro-ministro designado, Ariel Henry, a continuar a missão que lhe foi confiada para formar tal governo", afirmou o comunicado do CoreGroup, formado por embaixadores da Alemanha, Brasil, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, União Europeia e representantes das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A declaração foi emitida horas depois que a esposa de Moïse, Martine, chegou ao Haiti no sábado, a bordo de um jato particular, vestida de preto e com um colete à prova de balas. Ela não emitiu uma declaração ou falou publicamente enquanto o governo se prepara para o funeral de 23 de julho, que será realizado na cidade de Porto Príncipe./ AP, AFP e EFE
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