ROMA - O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, ganhou nesta quarta-feira, 20, o voto de confiança no Senado, mas perdeu a perspectiva de sobrevivência de seu governo com a saída de sua coalizão do Movimento 5 Estrelas (M5S), do Forza Italia (FI), de Silvio Berlusconi, e da Liga, de Matteo Salvini.
Draghi ganhou o voto de confiança na Câmara Alta, mas com a ausência dos partidos de sua coalizão, o primeiro-ministro perde a maioria parlamentar. Das 320 cadeiras do Senado, recebeu 95 votos a favor e 38 contra, embora a grande maioria tenha decidido não votar.
Segundo o jornal italiano Corriere Della Sera, Draghi não apresentará renúncia ao presidente Sergio Mattarella nesta quarta-feira. A publicação afirma que ele decidiu “tirar uma noite de reflexão”. Ele deve comparecer à Câmara para comunicar sua intenção de renunciar na manhã de quinta-feira, 21, quando também se reunirá com o presidente Mattarella. Na semana passada, o premiê apresentou sua renúncia ao chefe de Estado, que a congelou até que a moção de confiança fosse debatida hoje no Parlamento.
Se Draghi finalmente formalizar sua renúncia, o chefe de Estado poderia encarregá-lo de buscar outra maioria parlamentar, conceder essa missão a outra figura técnica ou política ou convocar eleições antecipadas.
Mais cedo, antes da votação, o primeiro-ministro defendeu a continuidade de seu governo e propôs aos parlamentares um “novo acordo” entre os partidos com representação no Parlamento como única maneira de superar a atual crise política.
O secretário-geral do Partido Democrata, Enrico Letta, que apoiou Draghi, lamentou “este dia de loucura em que o Parlamento decidiu se voltar contra a Itália” e previu eleições antecipadas.
“Fizemos todo o possível para evitá-lo e apoiar o governo de Draghi. Os italianos vão mostrar nas urnas que são mais sábios do que seus representantes”, escreveu no Twitter.
Na semana passada estourou a crise em sua coalizão depois que o M5S não votou em uma moção de confiança, distanciando-se dos demais parceiros, o que pressionou Draghi a renunciar.
No entanto, o presidente Mattarella rejeitou sua renúncia e o convocou para buscar uma solução no Parlamento, que começou hoje, mas essa missão foi impossível devido ao confronto entre a direita e o M5S.
Exclusão do M5S
Embora Berlusconi e Salvini tenham procurado o primeiro-ministro para continuar na coalizão, eles o fizeram com a condição de que o M5S fosse excluído, algo para o qual Draghi não estava disposto, pois aspirava manter a mesma maioria até o fim da atual legislatura, em março de 2023.
Nos últimos dias, sindicatos, empregadores, numerosas associações de todos os tipos e até mesmo a Igreja Católica encorajaram a continuação do Draghi devido à atual crise econômica, energética e social./EFE
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.