Primeiro-ministro pró-Otan lidera eleições presidenciais na Romênia depois do primeiro turno

De acordo com duas pesquisas de boca de urna, o primeiro-ministro Marcel Ciolacu está na liderança com 25% dos votos, mas ainda não sabe quem irá enfrentar no segundo turno

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Por Redação
Atualização:

BUCARESTE - O primeiro-ministro da Romênia, Marcel Ciolacu, lidera o primeiro turno das eleições presidenciais neste domingo, 24, de acordo com duas pesquisas de boca de urna. O país faz fronteira com a Ucrânia e é membro da União Europeia e da Otan.

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No fechamento das urnas, às 21h locais (16h no horário de Brasília), o chefe do Governo social-democrata somou 25% dos votos, à frente de Elena Lasconi (18%), prefeita de centro-direita da pequena cidade de Campulung, segundo as pesquisas.

Dois candidatos de extrema-direita obtiveram 15% e 16% dos votos.

Ciolacu, de 56 anos, agradeceu aos eleitores por este resultado “cristalino como a água”, mas pediu que esperem pela contagem completa para saber quem enfrentará no segundo turno, no dia 8 de dezembro, já que não conseguiu a maioria absoluta.

O primeiro-ministro da Romênia, Marcel Ciolacu, lidera o pleito presidencial no país, segundo pesquisas de boca de urna após o primeiro turno  Foto: Andrei Pungovschi/AFP

Elena Lasconi, uma ex-jornalista de 52 anos que se tornou política, também pediu cautela. “Os resultados estão muito apertados, ainda não é hora de comemorar”.

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Em terceiro lugar está Calin Georgescu, um candidato pró-Rússia de 62 anos que surpreendeu.

Já o líder do partido de extrema-direita AUR (Aliança para a Unidade dos Romenos), George Simion, de 38 anos, que as pesquisas prévias apontaram que ficaria em segundo lugar, ocupa a quarta posição, de acordo com as pesquisas de boca de urna.

A Romênia, com 19 milhões de habitantes, resistiu até agora às posições nacionalistas de países como Hungria e Eslováquia.

O candidato de extrema direita George Simion participa de uma coletiva de imprensa em Bucareste, Romênia  Foto: Daniel Mihailescu/AFP

Papel estratégico

A Romênia, que compartilha 650 km de fronteira com a Ucrânia e margeia o Mar Negro, tem um papel estratégico para a Otan (abriga mais de 5 mil soldados) e para o trânsito de cereais ucranianos, ressalta o ‘think tank’ New Strategy Center.

“A democracia romena está em risco pela primeira vez desde a queda do comunismo, em 1989”, disse à AFP o cientista político Cristian Parvulescu. “A situação se complicou ainda mais” desde a vitória de Donald Trump nas eleições americanas.

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Simion, que às vezes usa um boné vermelho com o nome de Trump, não esconde sua admiração pelo bilionário americano.

O primeiro-ministro da Romênia, Marcel Ciolacu, participa de uma coletiva de imprensa, em Bucareste  Foto: Andrei Pungovschi/AFP

Apesar das projeções após o fechamento das assembleias de voto, o líder da extrema-direita não se considerou derrotado.

“Veremos os resultados das urnas às 23h00″, declarou, prometendo “outras duas batalhas, durante as eleições legislativas de 1º de dezembro e uma semana depois, no segundo turno das eleições presidenciais“.

Simion, que defende uma Romênia “mais patriótica”, preenche todas as lacunas de uma política nacionalista. É contra a ajuda militar a Kiev, tacha a UE de “bolha corrupta” e se opõe aos direitos da comunidade LGBT.

Polêmicas e ataques pessoais

A campanha presidencial aconteceu em um contexto tenso e foi marcada por uma série de polêmicas e ataques pessoais.

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O líder da extrema-direita foi acusado de ter se reunido com espiões russos, o que ele nega, enquanto o primeiro-ministro foi questionado por polêmicos voos em jatos particulares.

Apesar de sua baixa popularidade, Marcel Ciolacu buscou convencer as pessoas com sua mensagem de “estabilidade”.

Seu partido, herdeiro do antigo Partido Comunista, marca a vida política do país há mais de três décadas, apesar de sofrer com vários escândalos de corrupção. Atualmente, governa em coalizão com os liberais do PNL.

Na Romênia, o presidente é o chefe de Estado, enquanto o primeiro-ministro é o chefe de governo./com AFP

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