Príncipe Andrew perde títulos reais e militares após pressão por caso de assédio

Honrarias foram removidas depois de carta aberta de 150 veteranos condenando o comportamento do filho de Elizabeth II

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Por Redação

LONDRES - A rainha Elizabeth II retirou nesta quinta-feira, 13, todos os cargos honorários de seu filho, o príncipe Andrew, que enfrenta um processo por abuso sexual nos Estados Unidos. “O duque de York (Andrew) continuará sem desempenhar nenhuma função pública e se defenderá neste caso na qualidade de cidadão privado”, declarou o Palácio de Buckingham, em comunicado.

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Segundo Buckingham, Andrew não usará mais o título 'Sua Alteza Real' em qualquer capacidade oficial e suas outras funções serão distribuídas entre os demais membros da família real, e não voltarão para ele. O príncipe, nono na linha de sucessão do trono britânico, continua com o título de duque.  

Os problemas de Andrew com a Justiça não são novos, mas se agravaram na quarta-feira quando um juiz de Nova York recusou um recurso apresentado pelos advogados do príncipe para que indeferisse a denúncia de agressões sexuais apresentada contra ele por Virginia Guiffre. A americana acusa o príncipe de ter abusado sexualmente dela em 2001, quando tinha 17 anos.

Príncipe Andrew, em junho de 2012, após visitar o pai, príncipe Philip, em hospital de Londres. Foto: Sang Tan/AP Photo

A decisão do juiz significa que Andrew pode ser forçado a depor em um julgamento que pode começar entre setembro e dezembro de 2022 se nenhum acordo for alcançado.

Guiffre é uma das vítimas de crimes sexuais do gestor financeiro americano Jeffrey Epstein, declarado culpado de pedofilia por um tribunal da Flórida e que se suicidou na prisão em Nova York, em agosto de 2019, quando aguardava um novo julgamento por tráfico e abuso de menores.

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Um dos advogados dela, David Boies, disse que sua cliente não descartava a possibilidade de um acordo, mas que o dinheiro não bastaria. “É muito importante para ela que esse caso se resolva de uma forma de dê reconhecimento a ela e às outras vítimas”, afirmou Boies.

A amizade de Andrew, de 61 anos, com o americano, que defendeu em uma polêmica entrevista com a BBC em novembro de 2019, provocou um grande escândalo que o obrigou a se retirar da vida pública.

O caso de Andrew, considerado o "filho predileto" de Elizabeth II, é um dos muitos escândalos que prejudicam a imagem da monarquia britânica com os quais a soberana de 95 anos tem tido que lidar.

A decisão dramática ocorre horas depois que mais de 150 veteranos militares - alegando estarem com raiva e chatedos - escreveram à rainha para pedir que ela retirasse imediatamente Andrew de seus cargos militares honorários. O palácio havia dito na quinta-feira que não tinha comentários sobre a carta.

Se dirigindo à rainha como chefe de Estado e comandante-chefe do Exército, da Marinha e da Força Aérea, os ex-membros de cada um dos serviços alegaram que era “insustentável” para o duque de York manter sua posição. “Se este fosse qualquer outro oficial militar sênior, seria inconcebível que ele ainda estivesse no cargo”, alegaram. 

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Andrew já havia sido amplamente banido da vida pública. Mas ele continuou a deter uma série de títulos militares honorários, o que gerou protestos de ex-membros dessas unidades, dadas as acusações legais que pesavam sobre ele.

A ligação de décadas de Andrew com o Exército é profunda. O príncipe foi piloto de helicóptero na Guerras das Malvinas, travada entre a Argentina e o Reino Unido entre abril e junho de 1982.

O episódio envolvendo o príncipe Andrew ocorre logo após os danos causados pela decisão do neto da rainha, o príncipe Harry, e sua mulher, a americana Meghan Markle, deixarem os deveres reais para forjar novas carreiras em Los Angeles. Mais tarde, o casal acusou membros da família real - sem citar nomes - de racismo. Eles também foram despojados de todos os seus patrocínios, dos títulos de 'Sua Alteza Real' e Harry perdeu seus papéis militares./AFP, AP, EFE e Reuters 

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