Príncipe Harry diz que notícias de tabloide contra ele causam sofrimento desde a infância

Filho caçula de Charles III e da princesa Diana afirmou ser alvo dos jornais desde os 11 anos; trata-se da primeira vez em mais de um século que um membro da família real vai à Justiça

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Por Redação
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O príncipe Harry depôs em um tribunal de Londres nesta terça-feira, 6, como testemunha em um processo contra o Mirror Group Newspapers (MGN), que controla o tabloide Mirror e a revista Sunday People no Reino Unido. Harry, de 38 anos, disse ser alvo dos jornais desde os 11 e que durante todo esse tempo cada notícia sobre ele o causou sofrimento.

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Com o depoimento, ele se torna o primeiro membro da realeza britânica a testemunhar em um tribunal em mais de um século. O MGN é acusado de obter informações de maneira ilegal, incluindo invasão de celulares, contra o filho caçula do rei Charles III e outras celebridades britânicas. “Mais de milhares, talvez milhões de artigos foram escritos sobre mim desde que eu tinha 11 anos”, declarou Harry.

O britânico chamou a ação da imprensa contra ele de “invasão” e disse que é afetado desde cedo pelas notícias, que tratavam de questões como o divórcio de seus país, o então príncipe Charles e a princesa Diana. “Cada uma das notícias era uma distração enquanto eu crescia”, declarou. “(As notícias) estavam em todos os palácios.”

Príncipe Harry na chegada à corte de Londres, no dia 6. Caçula do rei Charles III é o primeiro membro da família real a depor na Justiça em mais de um século Foto: Kin Cheung/AP

Harry disse lembrar de episódios em que chegava à escola e se deparava com amigos e colegas lendo matérias sobre ele. “O comportamento mudava”, acrescentou. Isso o teria deixado “paranoico” e desconfiado na maioria das relações porque imaginava que as pessoas poderiam fornecer informações sobre ele à imprensa. Isso o deixou com um círculo de amizade reduzido.

O príncipe, no entanto, não conseguiu fornecer provas sobre as acusações de hackeamento de mensagens eletrônicas, embora tenha dito que é “difícil acreditar como (o jornal) teria conseguido (algumas informações) de outra forma.”

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O juiz do caso analisa 33 notícias que teriam ilegalidades e o teriam causado problema, da reação ao divórcio de seus pais a problemas de saúde e seu consumo de drogas. O advogado do MGN, Andrew Green, fez perguntas ao príncipe relacionadas a todos os artigos, um a um. Harry reconheceu que muitas das informações contidas nelas também foram publicadas por outros jornais e que não podia atribuí-las diretamente à invasão de celular.

Relações tensas

O príncipe ainda afirmou que a reputação do Reino Unido foi prejudicada pelos laços entre a imprensa e o governo. “Nosso país é julgado globalmente pelo estado da nossa imprensa e do nosso governo, e acho que ambos estão no nível mais baixo”, afirmou.

“A democracia fracassa quando a imprensa não escrutina, nem exige responsabilidades do governo e, em vez disso, escolhe ir para a cama com eles para garantir o status quo”, acrescentou.

O duque de Sussex não voltava ao país desde a cerimônia de coroação do pai, em 6 de maio, à qual compareceu sem a esposa, a atriz americana Meghan Markle. Partiu logo após o evento, retornando para os EUA, onde o casal mora desde 2020.

Imagem mostra príncipe Harry e Meghan Markle em Londres, em junho do ano passado. Casal saiu do Reino Unido para os EUA após diversas acusações contra a família real e a imprensa Foto: Matt Dunham/AP

No início do processo, em maio, o MGN reconheceu “alguns indícios” da coleta ilegal de informações sobre Harry em uma única ocasião, pediu desculpas e garantiu que a conduta não se repetiria. Green, advogado do grupo, entretanto, negou que as mensagens de correio de voz tenham sido interceptadas e disse que algumas ações foram movidas tarde demais, décadas depois dos supostos eventos.

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Em março, Harry apareceu de surpresa em um tribunal em outro processo por violação de privacidade movido por várias celebridades contra o grupo Associated Newspapers Ltd, editor do jornal Daily Mail. Mas, ao contrário do depoimento desta terça-feira, o testemunho foi por escrito.

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O príncipe, quinto na linha de sucessão ao trono, e a esposa mantêm relações tensas com a imprensa. Entre os motivos que o casal alegou para deixar o Reino Unido, está a pressão insuportável da mídia e ataques racistas à atriz.

Mesmo nos EUA, a relação tensa com a imprensa continua. Há algumas semanas, ele e Meghan relataram ter sofrido uma perseguição de carro “quase catastrófica” por parte de paparazzi nas ruas de Nova York. As autoridades locais minimizaram o episódio, que lembrou o acidente de trânsito de 1997, em Paris, que matou a mãe de Harry, a princesa Diana, enquanto era perseguida por fotógrafos.

Na série documental “Harry & Meghan” e no explosivo livro de memórias “O que sobra”, o príncipe acusou outros membros da monarquia britânica de conivência com a imprensa. Em documentos apresentados aos tribunais em abril, afirmou que a família real havia chegado a um “acordo secreto” com um editor para evitar que qualquer um de seus membros tivesse que depor. Isso o impediu, alegou Harry, de entrar com uma ação enquanto fazia parte da realeza. /AFP

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