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Elizabeth II recebe últimas homenagens de Londres em velório no Palácio de Westminster

Caixão da rainha foi levado em procissão à sede do Parlamento britânico, onde ficará exposto aos súditos até a manhã do funeral, em 19 de setembro; cerca de 750 mil devem passar pelo local para um último adeus

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Por Redação
Atualização:

LONDRES - O caixão com o corpo da rainha Elizabeth II, morta na última quinta-feira, chegou ao Palácio de Westminster na manhã desta quarta-feira, 14, onde será velado por cinco dias, em uma cerimônia montada para que os súditos britânicos possam dar um último adeus à monarca mais longeva da História do país. No começo da noite (hora local), os primeiros súditos, muitos emocionados, começaram a desfilar em frente ao caixão de Elizabeth II para se despedir de sua rainha.

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Uma procissão reunindo os principais integrantes da família real partiu do Palácio de Buckingham com o corpo da rainha em direção à sede do Parlamento, onde o cortejo foi recebido pelo arcebispo de Canterbury. A cerimônia começou pontualmente às 14h22 (10h22 em Brasília), após um momento de oração restrito à família real em Buckingham.

A marcha solene até Westminster foi acompanhada pelo rei Charles III, que caminhou atrás do caixão por todo o trajeto, por seus irmãos, a princesa Anne, o príncipe Andrew, duque de York, e o príncipe Edward, conde de Wessex, e por seus filhos, o príncipe de Gales, William, e Harry. A rainha consorte, Camilla Parker Bowles, a princesa de Gales, Kate Middleton, e Meghan Markle, esposa de Harry, seguiram o cortejo em um carro oficial.

Rei Charles III segue o caixão da mãe, a rainha Elizabeth II, durante procissão entre o Palácio de Buckingham e o Palácio de Westminster. Foto: Marco Bertorello/ AFP

O percurso, concluído em cerca de 40 minutos, foi acompanhado por milhares de britânicos, que se reuniram nas ruas de Londres para se despedir da rainha. Multidões começaram a se aglomerar cedo ao longo de ruas ladeadas de bandeiras, no The Mall, do lado de fora do Palácio de Buckingham e ao longo das margens do rio Tâmisa, horas antes do início da procissão.

O cortejo foi acompanhado por uma banda da Guarda Escocesa e a banda da Guarda de Granadeiros, que interpretaram as marchas fúnebres de Beethoven, Mendelssohn e Chopin, além do terceiro movimento de sua Sonata para piano nº 2, também interpretada nos funerais dos primeiros-ministros britânicos Winston Churchill e Margaret Thatcher. Em paralelo, os sinos do Big Ben foram tocados em homenagem à rainha Elizabeth II e salvas de tiros de canhão foram disparadas no Hyde Park.

Ao chegar em Westminster, o caixão da rainha foi posicionado em uma plataforma elevada, conhecida como catafalco, com a cor roxa da realeza. Uma rápida cerimônia foi realizada pelo arcebispo de Canteburry, Justin Welby. Ao fim, o rei Charles III e a rainha consorte retornaram ao Palácio de Buckingham.

O velório foi aberto ao público às 17 horas (13 horas em Brasília). Os súditos podem contemplar o caixão, coberto pelo estandarte real e pela coroa imperial, passando em fila em ambos os lados, sem poder parar ou bater fotos. Também está proibido depositar flores e bichos de pelúcia no salão de Westminster.

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Membros do público passam pelo caixão da rainha Elizabeth II, no Palácio de Westminster Foto: Ben Stansall/Reuters - 14/9/2022

O velório público será encerrado às 06h30 (02h30 em Brasília) da segunda-feira, 19, data para a qual está marcado o funeral de Estado no Castelo de Windson. Mais de 100 chefes de governo e Estado são esperados para a cerimônia principal.

A imprensa britânica estima que cerca de 750 mil pessoas devem passar pelo Palácio de Westminster para a despedida da rainha. De acordo com o The Times, a fila para ver o caixão da monarca pode alcançar oito quilômetros de extensão e a espera pode chegar a 20 horas.

Para evitar distúrbios nos arredores do Parlamento durante o velório, o governo proibiu “barracas, churrascos e fogueiras” nas proximidades. Para evitar que as pessoas na fila percam seus lugares, haverá uma distribuição de pulseiras para que as pessoas possam sair por alguns minutos caso precisem ir ao banheiro.

Quem vence a maratona no lado de fora, precisar seguir regras estritas ao entrar em Westminster. Cada pessoa tem de passar por um “ponto de segurança tipo aeroporto”, segundo Downing Street, e usar uma pulseira enquanto permanecer no recinto.

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Na área interna, só são permitidas pessoas vestidas “apropriadamente” para a ocasião e “respeitar a dignidade do acontecimento”, afirmam as diretrizes, que acrescentam: “não use roupas com mensagens políticas e ofensivas”. Só são permitidas bolsas pequenas. Não é permitido filmar, fotografar ou utilizar telefones celulares e outros dispositivos portáteis no interior da sala.

Súditos se dividem entre emoção e ‘prova de resistência’ para último adeus

As multidões ao redor do The Mall e do Palácio de Westminster são a mais recente manifestação de uma do luto nacional pela partida da única monarca que a maioria dos britânicos conheceu. As pessoas se espremeram atrás de barreiras de metal ou disputaram espaço para acomodar suas cadeiras dobráveis e guarda-chuvas horas antes do caixão deixar o Palácio de Buckingham.

Joan Bucklehurst, uma trabalhadora de varejo de 50 anos de Cheshire, no noroeste da Inglaterra, disse que a rainha “significava muito para todos”. “Ela foi incrível”, acrescentou, engasgada de emoção. “Então, nós tínhamos que estar aqui. Já estivemos aqui algumas vezes quando houve ocasiões especiais, mas esta, eu não poderia perder isso”.

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Milhares de pessoas acompanharam o cortejo fúnebre de Elizabeth II. Foto: Henry Nicholls/ REUTERS

Geoff Colgan, um taxista que tirou o dia de folga para testemunhar o momento, ficou atordoado nos momentos após a passagem do caixão da rainha. “É uma daquelas coisas que você sabe que vai acontecer, mas quando acontece você não consegue acreditar”, disse ele, segurando seu filho nos braços.

Reunir as centenas de milhares de pessoas que querem ver o caixão da monarca testa as famosas habilidades de organização de fila dos britânicos até o limite. As autoridades que supervisionam o gigantesco desafio logístico consultaram especialistas em gerenciamento de filas e cientistas comportamentais para criar mais do que uma fila, uma “comunidade temporária”.

A “infraestrutura de filas” tem 16 km, incluindo barreiras móveis e mais de 500 banheiros portáteis ao longo de uma rota entre Buckingham e Westminster. Centenas de policiais, voluntários de primeiros socorros e membros da organização, 30 pastores multirreligiosos e dois intérpretes de linguagem de sinais estão designados para cuidar do bem-estar das pessoas que esperam na fila.

Britânicos acompanham transmissão da procissão real no Hyde Park, em Londres. Foto: Andreea Alexandru/ AP

Horas antes de o caixão chegar ao Palácio, a fila já se estendia do Parlamento através da vizinha Lambeth Bridge e serpenteava ao longo da margem sul do rio Tâmisa. A rota designada se estende por 11 quilômetros, passando pelo Teatro Nacional, Shakespeare’s Globe, a galeria de arte Tate Modern e a Tower Bridge até Southwark Park, no sul de Londres, que pode acomodar mais 4,8 km de filas em ziguezague. As pessoas podem acompanhar o comprimento da fila e os tempos de espera nas contas de mídia social do Departamento de Mídia Digital, Cultura e Esporte do Reino Unido.

Chris Bond, de Truro, no sudoeste da Inglaterra, estava entre os que faziam fila ao longo das margens do rio Tâmisa. Em 2002, ele também acompanhou a cerimônia da rainha-mãe.

“Obviamente, é muito difícil enfrentar a fila o dia todo, mas quando você entra por aquelas portas no Palácio de Westminster, aquele maravilhoso edifício histórico, há uma grande sensação de silêncio”, disse. “Sabemos que a rainha tinha uma boa idade e serviu o país por muito tempo, mas esperávamos que esse dia nunca chegasse”, acrescentou./ AFP e AP

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