Procuradoria acusa Trump de reter segredos sobre armas nucleares e pontos fracos dos EUA; entenda

Trump se declarou inocente em um tribunal de Miami, e sua aparição histórica marca a primeira vez que um ex-presidente americano foi indiciado por crimes federais

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Por Redação

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou na última sexta-feira, 9, uma denúncia contra o ex-presidente Donald J. Trump por supostos crimes relacionados à retenção ilegal de documentos confidenciais do governo americano, que contém diversos segredos militares, incluindo detalhes sobre armas nucleares.

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Ao todo, Trump enfrenta 37 acusações, incluindo 31 acusações sob um estatuto da Lei de Espionagem referente à retenção intencional de informações de defesa nacional. De acordo com o documento do Departamento de Justiça, o ex-presidente também foi indiciado por crimes de obstrução da Justiça e declarações falsas, entre outros.

Nesta terça-feira, 13, Trump se declarou inocente em um tribunal de Miami. A sua aparição histórica marca a primeira vez que um ex-presidente americano foi indiciado por crimes federais.

O ex-presidente Donald Trump embarca em seu avião em Miami, em 13 de junho de 2023. Trump, o primeiro ex-presidente a ser acusado de crimes federais, deixou o tribunal em Miami após ser acusado de 37 acusações relacionadas ao manuseio de documentos confidenciais.  Foto: Doug Mills/The New York Times

Entenda as acusações contra o ex-presidente.

  • Documentos de armas nucleares foram tirados da Casa Branca. Ao deixar a presidência dos Estados Unidos, em janeiro de 2021, Trump levou consigo caixas de documentos confidenciais, incluindo informações sobre as capacidades nucleares americanas, bem como as de um país estrangeiro não especificado.
  • Acusação descreve o perigo em potencial das informações confidenciais contidas nos documentos mantidos por Trump. De acordo com a Departamento de Justiça dos EUA, “a revelação não autorizada destes documentos secretos pode colocar em risco a segurança nacional dos Estados Unidos, as relações internacionais, a segurança do exército dos EUA e os recursos humanos e a contínua viabilidade de métodos sensíveis de coleta de inteligência”.
  • Áudios obtidos pela justiça indicam que Trump sabia do caráter dos documentos. De acordo com reportes recentes de agências de notícias, o advogado especial do ex-presidente, Jack Smith, aparentemente obteve uma gravação de áudio do Trump reconhecendo que sabia que um documento em sua posse ainda era confidencial. Isso está em desacordo com as alegações públicas do Trump de que ele havia desclassificado todos os materiais que levou da Casa Branca.
  • Trump conspirou com seu assessor para esconder documentos de advogados. O assessor de Trump, Waltine Nauta, foi indiciado junto com seu ex-patrão por conspirar para esconder documentos confidenciais de advogados que os procuravam. Nauta enfrenta seis acusações federais, incluindo ocultação de provas e conspiração para obstruir a justiça.
  • Trump compartilhou planos secretos de ataque sem autorização. Segundo o Departamento de Justiça, em julho de 2021, Trump compartilhou informações não autorizadas sobre seu desejo como presidente de atacar um determinado país (não identificado), assim como uma conversa confidencial com um oficial militar sênior. “Vejam o que eu encontrei, este era o plano de ataque [do oficial militar sênior], leiam e mostrem... é interessante”, disse Trump a um escritor, editor e a dois membros de sua equipe (não identificados), dando indícios de que, de fato, guardava documentos confidenciais que detalhavam estes planos confidenciais.
  • Acusações refletem gravidade dos atos do ex-presidente. Do total de acusações: 31 são relacionadas à retenção de informações de defesa nacional. Uma acusação contra o para cada documento que ele supostamente manteve em sua posse; 5 são relacionadas à ocultação da posse de documentos confidenciais. Entre elas estão acusações de conspiração para obstruir a justiça e retenção de documentos e registros, imputadas tanto a Trump quanto ao assessor, Walt Nauta; 2 são relacionadas a declarações falsas. Referem-se a declarações feitas ao FBI pelo Trump e pelo assessor, Walt Nauta.

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Polêmica sobre o local do julgamento

Embora as autoridades policiais tenham conduzido a maior parte da investigação contra o ex-presidente em um grande júri em Washington, o advogado especial do Trump optou por apresentar o caso na Flórida. Isso evitou uma possível briga jurídica sobre o local do processo, mas implicou o risco de que o caso fosse atribuído à juíza Aileen M. Cannon, que foi nomeada pelo ex-presidente Donald J. Trump e que emitiu uma série de decisões excepcionalmente favoráveis a ele. A juíza Cannon de fato aceitará o caso, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

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