A Procuradoria da Guatemala realizou uma busca e apreensão na sede do partido Semilla, liderado pelo candidato social-democrata Bernardo Arévalo, em uma nova ação que coloca em xeque a campanha para o segundo turno das eleições presidenciais de 20 de agosto.
“A Procuradoria Especial contra a Impunidade, em coordenação com a PNC (Polícia Nacional Civil), está realizando uma operação de busca e apreensão na sede do partido político Movimiento Semilla”, localizado no centro histórico da capital, informou a Procuradoria no Twitter.
A batida começou horas depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pediu à mais alta corte do país que concedesse garantias para a votação, na qual Arévalo deve enfrentar a ex-primeira-dama Sandra Torres.
“Esse ato faz parte da perseguição política da minoria corrupta que sabe que está perdendo o poder dia após dia”, disse Arévalo aos repórteres ao repudiar a invasão.
O gabinete do procurador disse que “a diligência (a batida) está sendo realizada para obter provas para fortalecer a investigação” contra o Semilla por supostas irregularidades em sua criação em 2017.
O procurador Rafael Curruchiche começou a tomar medidas contra a Semilla após o primeiro turno das eleições em 25 de junho, no qual Arévalo surpreendeu ao avançar na votação ao lado de Torres.
As ações de Curruchiche e de um juiz contra o partido Semilla são vistas na Guatemala e no exterior como uma tentativa de tirar Arévalo das urnas.
Dezenas de apoiadores de Arévalo se manifestaram do lado de fora da sede do partido à medida que a invasão avançava.
“Curruchiche não é um procurador, ele é outro criminoso”, gritavam os manifestantes sobre o funcionário incluído em 2022 pelos Estados Unidos na lista de centro-americanos envolvidos em “atos corruptos e antidemocráticos”.
Além disso, por ordem de Curruchiche, os escritórios do TSE da Guatemala foram invadidos duas vezes devido à sua recusa em cumprir a ordem questionável do juiz Fredy Orellana de desqualificar o Semilla.
O TSE argumenta que não pode cumprir a ordem porque a própria lei eleitoral da Guatemala estipula que nenhum partido pode ser suspenso no meio de um processo eleitoral.
Orellana também foi incluído nesta semana pelos Estados Unidos na lista de “corruptos”.
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