LIMA - A Procuradoria do Peru abriu nesta quinta-feira, 5, uma investigação contra o presidente Pedro Castillo e sua mulher, Lilia Paredes, após um programa de televisão ter divulgado que eles teriam plagiado sua dissertação de mestrado, o que Castillo nega.
“O Ministério Público iniciou uma investigação oficiosa contra o presidente da República, Pedro Castillo Terrones, e sua esposa Lilia Paredes, pelo suposto crime de plágio agravado, falsidade genérica e oneração indevida em prejuízo ao Estado”, disse a entidade no Twitter.
A investigação ficará a cargo do procurador Juan Ramón Tantalean, da região de Cajamarca, lugar de origem do casal presidencial.
Castillo negou na quarta-feira que ele e Lilia tenham praticado plágio, após a universidade envolvida abrir uma investigação interna devido à denúncia.
“Rechaço as alegações mal intencionadas (...) sobre a veracidade da dissertação de mestrado que fiz há mais de 10 anos na Universidade César Vallejo”, afirmou o presidente esquerdista em nota.
De acordo com o programa dominical Panorama, do canal Panamericana, Castillo e sua esposa, ambos professores rurais, plagiaram 54% da dissertação que fizeram juntos em 2011.
“Não copiei, nem adjudiquei autoria de terceiros, como, de forma irresponsável, pretendem fazer a população acreditar”, disse Castillo, que sustentou que “essa denúncia é de tom político e parte de um plano desestabilizador”.
O fundador da universidade, o político opositor César Acuña, também foi acusado em 2016 de plagiar uma tese para obter um doutorado na Espanha em 1997, mas o caso foi arquivado pela justiça espanhola.
O plágio agravado é punido com até oito anos de prisão na lei peruana. A oneração indevida em prejuízo ao Estado se deveria aos bônus salariais obtidos pelo casal por ter diploma de pós-graduação.
No entanto, o presidente tem imunidade, portanto, não pode ser julgado antes de deixar o poder. Seu mandato termina em 2026.
Castillo e Lilia obtiveram com a dissertação o grau de mestre em Educação, com menção em Psicologia Educativa.
O presidente peruano, de 52 anos, está no poder há nove meses e enfrenta uma oposição ferrenha e críticas frequentes de líderes da direita radical, que promoveram duas moções de “vacância presidencial” (destituição) contra ele.
As moções de “vacância” se tornaram rotina no Peru e causaram a queda dos mandatários Pedro Pablo Kuczynski, em 2018, e Martín Vizcarra, em 2020, o que mantém o país em uma instabilidade constante. /AFP
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