Propaganda em Moscou acusa Suécia de relação com o nazismo

Imagens compartilhadas por autoridades suecas mostram campanha que aponta ícones da cultura sueca como simpatizantes do nazismo

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Autoridades suecas denunciaram nesta terça-feira, 3, uma campanha de propaganda em Moscou relacionando o país nórdico ao nazismo -- uma acusação que lembra a construção de narrativa do Kremlin contra a Ucrânia, antes da invasão do país do Leste Europeu.

PUBLICIDADE

Fotos compartilhadas nas redes sociais mostram as propagandas que foram afixadas em paradas de ônibus de Moscou. Em uma delas, fotos de ícones da cultura sueca como a escritora Astrid Lindgren, o diretor de cinema Ingmar Bergman e o empresário Ingvar Kamprad são colocados ao lado de citações -- escritas em russo -- em que demonstrariam simpatia ao nazismo.

De acordo com uma tradução da peça publicitária feita pelo jornal britânico Daily Mail, as fotos e citações estão acompanhadas pelo slogan “Nós somos contra o nazismo, eles não”. A palavra “Nós” está pintada com as cores da bandeira russa, enquanto “Eles” leva as cores da Suécia.

O ex-primeiro-ministro da Suécia Carl Bildt foi um dos usuários a compartilhar a imagem em suas redes sociais, apontando que a campanha publicitária surge no mesmo momento em que Estocolmo negocia com a Otan seu ingresso na aliança militar.

“Agora há uma campanha publicitária em Moscou dizendo que a Suécia é um país de nazistas. Existem limites para esses caras? Ou eles estão preparando uma operação de ‘desnazificação’ também contra a Suécia? Acho que isso solidificará ainda mais o apoio à adesão da Suécia à Otan”, disse Bildt, que atualmente é co-presidente do Conselho Europeu de Relações Exteriores, um think-tank pan-europeu.

Publicidade

Segundo um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Suécia ouvido pelo Daily Mail, a campanha publicitária teria sido contratada por um grupo nacionalista russo chamado “Nossa Vitória”. O jornal também afirma que a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, teria classificado os cartazes como “completamente inaceitáveis”.

As propagandas são apenas a última crise diplomática após uma acusação de nazismo saída de Moscou. Na polêmica mais recente, o chanceler russo, Serguei Lavrov, provocou a ira de Israel ao afirmar que Hitler teria “sangue judeu” para justificar que o fato do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, ter origem judaica não impedia o país de estar tomado por nazistas.

Após a exigência de um pedido de desculpas de Jerusalém, o Ministério das Relações Exteriores russo subiu o tom nesta terça-feira, ao afirmar que Israel apoia o “regime neonazista de Kiev”.

Adesão à Otan

As acusações contra a Suécia, por sua vez, chegam em um momento em que o país se aproxima cada vez mais de um acordo de segurança com os países da Otan, enquanto tratativas sobre um possível ingresso na aliança militar continuam ocorrendo.

A premiê sueca, Magdalena Andersson (direita), ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, e da premiê finlandesa, Sanna Marin.  Foto: REUTERS/Michele Tantussi

Nesta terça, as premiês de Finlândia e da Suécia indicaram que seus governos ainda não decidiram se aderirão à Otan, mas enfatizaram a estreita cooperação de segurança com outros países europeus diante da agressão da Rússia contra a Ucrânia, após uma reunião com o chanceler alemão Olaf Scholz nos arredores de Berlim.

Publicidade

Magdalena Andersson afirmou que o parlamento sueco está realizando uma revisão de segurança que será apresentada em 13 de maio. “A análise inclui futuras parcerias internacionais de defesa para a Suécia, incluindo uma discussão sobre a Otan, e todas as opções estão na mesa”, disse.

O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, disse que tanto Suécia quanto Finlândia seriam bem-vindos se decidirem se juntar à organização militar de 30 nações e podem se tornar membros rapidamente. Os ministros das Relações Exteriores dos países membros da OTAN devem se reunir em Berlim nos dias 14 e 15 de maio./ Com informações da AP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.