Protestos na França contra reforma da Previdência continuam pelo terceiro dia consecutivo

Manifestação acontece um dia antes da votação crucial de uma moção de censura contra o governo no Parlamento

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Por Redação

A França registra neste domingo, 19, novos protestos contra a polêmica reforma da Previdência, imposta por decreto do presidente Emmanuel Macron na quinta-feira, 16. O francês invocou um artigo da Constituição francesa para mudar o aumento da idade legal para a aposentadoria no país de 62 para 64 anos sem a aprovação do Parlamento e com forte rejeição dos trabalhadores do país.

Além de aumentar a idade legal do benefício, a reforma de Macron busca estender o número de anos necessários para contribuir com o sistema para receber uma pensão completa. O governo afirma que essas mudanças são necessárias para evitar o aumento do déficit nas próximas décadas, quando a França enfrentará o envelhecimento da população.

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Seus críticos afirmam que a reforma representa um ônus injusto para trabalhadores de baixa renda, mulheres e pessoas com empregos que envolvem desgaste físico. E as investigações da opinião pública mostram uma oposição ao aumento do número de assentamentos.

Após semanas de manifestações contra a reforma, a polícia ordenou, no sábado, 18, o fechamento de la Concorde, no centro de Paris, em frente ao Parlamento. A emblemática praça foi palco de duas noites sucessivas de protestos que terminaram em motins e confrontos entre manifestantes e a polícia.

Manifestantes durante protesto em Nantes contra a reforma da Previdência imposta por Macron através de decreto, neste sábado, 18. Protestos voltam a acontecer neste domingo Foto: Jeremias Gonzalez/AP

Moção

Deputados das forças de oposição apresentarão duas moções de censura, que serão discutidas a partir desta segunda-feira, 20. A aprovação de qualquer uma delas anularia o decreto presidencial que recorreu ao respectivo dispositivo constitucional - o artigo 49.3 -, o qual permite driblar a votação parlamentar. Isso obrigaria a primeira-ministra Elisabeth Borne a renunciar.

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Na véspera da votação, a casa do político Eric Ciotti – presidente do partido de direita Os Republicanos, que anunciou que não votará na moção de censura – foi atingido por pedras. Os votos dos parlamentares dissidentes de Os Republicanos são fundamentais para o sucesso de qualquer moção de censura no Parlamento.

Início dos protestos

Os protestos franceses contra o decreto de Macron começaram na noite da sexta-feira, 17, e se estendem até este domingo. O país também enfrenta greve em diversos setores há semanas, o que deixou Paris sem coleta urbana e tomada pelo lixo.

Milhares de manifestantes se reuniram na noite de sexta-feira em protestos na Praça da Concórdia, onde incidentes resultaram em centenas de prisões. Alguns grupos lançaram garrafas e sinalizadores contra as forças de segurança, que responderam com gás lacrimogêneo para esvaziar o local, onde foi feita uma grande fogueira.

Em meio à multiplicação das manifestações contra a reforma da previdência neste sábado, 18, a polícia francesa proibiu concentrações na Praça da Concórdia, em Paris, situada em frente ao Parlamento. “Devido aos graves riscos de perturbação da ordem pública e da segurança (...), ficam proibidas todas as concentrações nas vias públicas dentro e ao redor da Praça da Concórdia, bem como na área do Champs-Elysées”, informou a polícia. /AFP

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