Protestos pró-palestinos se espalham em universidades americanas após prisões em Columbia

Manifestações criaram embates em diversas universidades americanas; estudantes judeus acusam protestos de antissemitismo

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Por Redação
Atualização:

NOVA YORK - Protestos pró-palestinos e contra a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza se espalharam desde a segunda-feira, 22, nas principais universidades americanas e provocaram debates sobre antissemitismo nos campi e a oposição de parte da comunidade acadêmica ao conflito. A Universidade de Columbia cancelou aulas presenciais, dezenas de manifestantes foram presos na Universidade de Nova York e em Yale, e os portões do Harvard foram fechados ao público.

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Mais de 100 manifestantes pró-palestinos que acampavam no gramado de Columbia foram presos na semana passada, e acampamentos semelhantes surgiram em universidades de todo o país, enquanto as instituições tentam entender o limite entre permitir a liberdade de expressão e manter o local seguro.

Na Universidade de Nova York, um acampamento montado por estudantes reuniu uma multidão na segunda-feira. A instituição afirmou que pediu para que as pessoas saíssem do campus, depois chamou a polícia após ver a desordem dos protestos. A universidade apontou que tomou conhecimento de relatos de “cânticos intimidadores e vários incidentes antissemitas”.

Policiais patrulham o campus da Universidade de Columbia, em Nova York, em meio a protestos de manifestantes pró-palestinos  Foto: Mary Altaffer/AP

“É uma repressão realmente ultrajante por parte da universidade permitir que a polícia prenda estudantes em nosso próprio campus”, disse Byul Yoon, estudante de direito da Universidade de Nova York. “O antissemitismo não é aceitável. Não defendemos isso e vários judeus estão aqui conosco hoje”, disse Yoon.

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Ambiente polarizado

Os protestos colocaram estudantes uns contra os outros, com estudantes pró-palestinos exigindo que as suas universidades condenassem a ofensiva israelense no enclave palestino e não fizessem parcerias com empresas que vendessem armas a Israel. Alguns estudantes judeus, entretanto, dizem que muitas das críticas a Israel se transformaram em antissemitismo e fizeram com que eles se sentissem inseguros.

As tensões permaneceram altas na segunda-feira em Columbia, onde os portões do campus foram trancados para qualquer pessoa sem carteira de estudante. Protestos ocorreram dentro e fora do campus.

Um cartaz contra a ofensiva israelense em Gaza foi colocado na frente de um acampamento de estudantes pró-palestinos na Universidade de Columbia, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Stefan Jeremiah/AP

A deputada americana Kathy Manning, uma democrata da Carolina do Norte que estava visitando Columbia com três outros membros judeus do Congresso, disse aos repórteres depois de se reunir com estudantes da Associação Judaica de Estudantes de Direito que havia “um enorme acampamento de pessoas” que haviam assumido cerca de um terço de uma das instalações da universidade.

“Vimos sinais indicando que Israel deveria ser destruído”, disse ela depois de deixar o campus de Morningside Heights. A Columbia anunciou na segunda-feira que os cursos no campus Morningside oferecerão opções virtuais para os alunos quando possível, citando a segurança como sua principal prioridade.

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A presidente da universidade, Minouche Shafik, afirmou em uma mensagem à comunidade universitária na segunda-feira que estava “profundamente triste” com o que estava acontecendo no campus.

O professor da Universidade de Columbia Shai Davdai, que é judeu, discursa após ter seu acesso negado por estudantes do campus que protestavam contra a ofensiva israelense na Faixa de Gaza  Foto: Stefan Jeremiah/AP

“Para diminuir o rancor e dar a todos nós a chance de considerar os próximos passos, anuncio que todas as aulas serão ministradas virtualmente na segunda-feira”, escreveu Shafik, observando que os alunos que não moram no campus devem ficar longe.

Os protestos agitaram muitas universidades desde o ataque terrorista do Hamas, que deixou mais de 1.200 pessoas no sul de Israel. O grupo terrorista também sequestrou 240 pessoas. Este ataque é considerado o maior incidente terrorista da história de Israel e o maior ataque contra judeus desde o Holocausto. As Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram uma ofensiva na Faixa de Gaza após o ataque, que já deixou mais de 34 mil palestinos mortos no enclave, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.

No domingo, 21, Elie Buechler, um rabino de uma organização de estudantes judeus de Columbia, enviou uma mensagem no grupo da organização recomendando que os estudantes ficassem em casa até que fosse seguro voltar ao campus.

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Os últimos acontecimentos ocorreram antes do início da noite de segunda-feira do feriado judaico de Pessach (Pascoa Judaica).

Nicholas Baum, um estudante judeu de 19 anos que mora em um seminário teológico judaico que fica a dois quarteirões do campus de Columbia, disse que os manifestantes do fim de semana estavam “pedindo que o Hamas destruísse Tel-Aviv e Israel”.

Estudantes pró-Israel agitam bandeiras do país na Universidade de Columbia, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Stefan Jeremiah/AP

“Os judeus estão com medo em Columbia”, disse ele. “Tem havido muita difamação do sionismo, e isso repercutiu na difamação do judaísmo.”

Os republicanos da Câmara dos EUA de Nova York exigiram a renuncia da presidente de Columbia. Eles apontaram que Minouche Shafik não conseguiu fornecer um ambiente de aprendizagem seguro nos últimos dias.

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Em Massachusetts, uma placa dizia que um campus de Harvard estava fechado ao público na segunda-feira. “Os alunos que violarem essas políticas estão sujeitos a ações disciplinares”, dizia a placa. Os seguranças estavam verificando as pessoas em busca de identidades escolares.

No mesmo dia, o Comitê de Solidariedade à Palestina de Graduação de Harvard disse que a administração da universidade suspendeu seu grupo. No aviso de suspensão fornecido pela organização estudantil, a universidade escreveu que a manifestação do grupo do dia 19 de Abril violou a política da universidade e que a organização não compareceu às formações exigidas depois de terem sido previamente colocadas em liberdade condicional.

Em Yale, os policiais prenderam cerca de 45 manifestantes e os acusaram de invasão de propriedade, disse o oficial Christian Bruckhart, porta-voz da polícia de New Haven. Todos foram libertados com a promessa de comparecerem ao tribunal mais tarde, disse ele./com AP

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