O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, acusou ontem o governo dos Estados Unidos de ter provocado o conflito entre Rússia e Geórgia para tentar beneficiar um dos lados da campanha presidencial americana. Sem dar nomes, Putin sugeriu que Washington teria encorajado Tbilisi a usar sua força militar na Ossétia do Sul - no dia 7 - para ajudar a candidatura do republicano John McCain. "Surge a suspeita de que alguém nos EUA possa ter provocado intencionalmente esse conflito para agravar a situação e dar preferência a um dos candidatos na disputa pelo posto de presidente", afirmou Putin em entrevista à rede de TV CNN. "O fato é que americanos estavam na área do conflito durante o período de hostilidades e eles deveriam admitir que só o fizeram por seguir as ordens de seu líder", disse Putin, referindo-se ao presidente dos EUA, George W. Bush. "Por que buscar uma solução usando as forças de paz? É mais fácil armar um dos lados e incitá-lo a matar o outro lado." Washington reagiu às acusações qualificando-as como "irracionais". "Essas acusações são claramente falsas", afirmou Dana Perino, porta-voz da Casa Branca. "Sugerir que os EUA orquestraram isso em nome de um candidato não soa muito racional." Ontem, o governo dos EUA advertiu que pode rejeitar um acordo de energia nuclear civil com a Rússia como punição por suas ações na Geórgia. Além disso, Bush aprovou a concessão de US$ 5,75 milhões para ajudar Tbilisi e reforçou a presença americana na região com o envio de dois navios e aviões com ajuda humanitária. SANÇÕES DA UE Líderes da União Européia também endureceram ontem o discurso em relação à Rússia e ameaçaram considerar sanções contra Moscou na reunião do bloco na segunda-feira. O chanceler russo, Serguei Lavrov, ironizou as ameaças da UE, afirmando que o bloco está "irritado" com os acontecimentos na Geórgia.
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