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Putin admite que defesa da Rússia não estava preparada para ataques de drones e na fronteira

Presidente russo declarou que país faz ajustes nas defesas das grandes cidades e pode ser obrigado a criar uma zona de exclusão na Ucrânia para conter ataques

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Por Redação
Atualização:

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, admitiu nesta terça-feira, 13, erros estratégicos russos na invasão à Ucrânia e na defesa do seu território, atacado nas últimas semanas por sabotadores e drones. O líder russo declarou que a Rússia deveria ter reforçado a segurança interna no início para se prevenir de ataques deste tipo, mas falhou nisso. “Podíamos ter pensado a princípio que o inimigo se comportaria dessa forma e, seguramente, nos preparado melhor”, disse em uma reunião com blogueiros militares e correspondentes de guerra.

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Putin ainda declarou que se os ataques nas fronteiras continuarem a Rússia se verá obrigada a criar uma zona de exclusão no território vizinho que dificulte a ação dos ucranianos. Quanto aos ataques de drones, que chegaram a atingir a residência oficial do presidente e prédios residenciais em Moscou em maio, o russo confessou que as defesas aéreas do país não estavam preparadas.

Segundo ele, as defesas aéreas russas são pensadas contra caças e mísseis e têm dificuldades contra drones, fabricados com materiais mais leves que dificultam a detecção. “Claro, teria sido melhor se tivesse sido feito a tempo e corretamente”, disse. Apesar disso, o presidente russo enfatizou que faz ajustes nesta área e disse ter confiança na defesa de Moscou e de outras cidades russas importantes.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião com correspondentes de guerra russos nesta terça-feira, 13, em Moscou. Ele admitiu falhas na defesa do próprio país Foto: Gavriil Grigorov/Sputnik/via AP

Concedidas em meio à contraofensiva de primavera (Hemisfério Norte) da Ucrânia, as declarações trataram de passar confiança no exército russo. Putin chamou a contraofensiva nas regiões de Donetsk e Zaporizhzhia de fracasso e afirmou que as baixas militares ucranianas são muitas. “O inimigo não teve êxito em nenhum dos setores do front”, assegurou.

De acordo com o russo, mais de 160 tanques, 360 veículos blindados e cerca de 30% dos equipamentos militares enviados pelo Ocidente à Ucrânia foram destruídos nos últimos 10 dias. Ele acrescentou que o número de baixas russas são dez vezes menores que as ucranianas. Moscou teria perdido 54 tanques.

A Ucrânia não deu informações sobre perdas, e as informações não puderam ser comparadas com outras fontes. O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, afirmou na noite da segunda-feira que a contraofensiva no sul, em Zaporizhzhia, estava “difícil”, embora em Bakhmut, na região de Donetsk, houvesse avanços e recuperação de áreas. Kiev alega ter recuperado sete locais em uma área de 90 m².

Segundo analistas militares, a Ucrânia ainda não lançou a maior parte de suas forças na contraofensiva e testa a linha de frente russa para identificar pontos fracos.

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Fim do acordo de grãos

O presidente russo também afirmou que estuda abandonar o acordo de grãos com a Ucrânia, que permite a exportação a partir dos portos do Mar Negro. Ele acusou os ucranianos de utilizar as rotas marítimas seguras, estabelecidas no acordo, para lançar ataques navais.

Um blogueiro militar afirmou a Putin que muitos soldados russos da linha de frente não entendiam por que Moscou mantinha o acordo. “Provavelmente, os garotos que estão no front não sabem por que estamos deixando os grãos passarem, e eu os entendo”, respondeu.

Mediado pela ONU, o acordo foi assinado em julho do ano passado e renovado em mais de uma ocasião para garantir o abastecimento de grãos em todo o mundo. A vigência atual vai até 17 de julho. “Não fazemos pela Ucrânia, mas por países amigos da África e da América Latina porque os grãos vão antes de tudo para os países mais pobres do mundo”, disse.

O fim do acordo de grãos pode elevar os preços de grãos e cereais, pressionando a inflação mundial, incluindo no Brasil. /EFE, AP, AFP

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