Putin defende anexações de territórios como ‘nova Rússia’

Presidente russo afirmou que Moscou não cederá na Ucrânia e que buscará conectar territórios anexados à Rússia através de uma nova rede ferroviária

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Por Redação
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MOSCOU - Fortalecido por mais uma eleição que lhe garantiu um quinto mandato de seis anos como presidente da Rússia, Vladimir Putin afirmou nesta segunda-feira, 18, em um discurso na Praça Vermelha, que o território ucraniano da Crimeia ‘voltou para casa’ quando foi anexado em 2014. Já as áreas anexadas no Donbas, após a invasão da Ucrânia, fazem agora parte, segundo ele, da ‘nova Rússia’.

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O evento na Praça Vermelha foi organizado para marcar os dez anos da anexação da Crimeia. “Ao longo de décadas, eles carregaram fé em sua pátria. Eles nunca se separaram da Rússia e foi isso que permitiu a Crimeia regressar à nossa família comum”, disse Putin, segundo reportagem da rede britânica BBC. Os outros três candidatos derrotados na eleição presidencial, todos aliados, também discursaram em favor da anexação.

Putin acrescentou que uma nova rede ferroviária está sendo construída em partes da Ucrânia ocupada, acrescentando que essas regiões “declararam o seu desejo de regressar às suas famílias nativas”. “Tudo isto está acontecendo graças a vocês, cidadãos da Rússia”, acrescentou Putin. “Toda glória à Rússia.”

Presidente da Rússia Vladimir Putin em 18 de março de 2024.  Foto: Alexander Zemlianichenko / AP

Segundo reportagem da BBC, a nova linha ferroviária irá da cidade russa de Rostov-on-don à Crimeia, passando por territórios ucranianos ocupados. A Rússia ocupa a Crimeia desde que invadiu a península em 2014. Uma ponte que a liga ao continente russo foi inaugurada em 2018, mas foi atacada pelos ucranianos e forçada a fechar duas vezes desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. A nova linha ferroviária, segundo Putin, será “outra estrada alternativa” além da ponte.

O presidente russo lembrou que a Crimeia é conhecida como “um porta-aviões indestrutível” e que os habitantes da península ucraniana nunca esqueceram seus laços históricos com a “mãe Rússia”, embora pertencessem à Ucrânia desde 1954.

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Quando tomou a Crimeia, em 2014, Putin disse que persuadiu os líderes ocidentais a ficarem de fora, lembrando a eles das capacidades nucleares de Moscou. É um aviso que ele tem repetido, especialmente após o início da sua invasão em grande escala da Ucrânia. Na semana passada, ele voltou a alertar que utilizaria esse arsenal se a soberania da Rússia fosse ameaçada.

Para a pesquisadora sênior do Carnegie Russia Eurasia Center, com sede em Berlim, Tatiana Stanovaya, essas ameaças de Putin têm criado “uma impressão extremamente assustadora de uma espiral desenfreada”. A analista diz que Putin está se sentindo mais confiante do que nunca diante “da crescente fé do Kremlin na vantagem militar da Rússia na guerra com a Ucrânia e de um sentimento de fraqueza e fragmentação ocidental”.

No seu discurso de vitória, na noite de domingo, Putin afirmou que Moscou não cederá na Ucrânia e pretende criar uma ‘zona tampão’ para ajudar a impedir os ataques ucranianos de longo alcance e transfronteiriços.

As forças do Kremlin progrediram no campo de batalha enquanto as tropas de Kiev lutam com uma grave escassez de projéteis de artilharia e unidades da linha de frente exaustas após mais de dois anos de guerra.

Vladimir Putin comemora sua vitória na eleição presidencial da Rússia e os 10 anos da anexação da Crimea em Moscou, Russia, em 18 de março de 2024. Foto: Alexander Zemlianichenko / AP

A linha da frente estende-se por mais de 1 mil km pelo leste e sul da Ucrânia. Os avanços têm sido lentos e dispendiosos, e a Ucrânia tem utilizado cada vez mais o seu poder de fogo de longo alcance para atingir refinarias e depósitos de petróleo no interior da Rússia. “Seremos forçados em algum momento, quando considerarmos necessário, a criar uma certa ‘zona-tampão’ nos territórios controlados pelo (governo ucraniano)”, disse Putin.

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Esta “zona de segurança”, disse Putin, “seria muito difícil de se penetrar utilizando os meios de ataque fabricados no estrangeiro à disposição do inimigo”.

Putin afirmou que apoiava a ideia de libertar o líder da oposição Alexei Navalni, seu mais ferrenho adversário, em uma troca de prisioneiros com países ocidentais, poucos dias antes de sua morte, em 16 de fevereiro.

“Acontece. Não há nada que você possa fazer sobre isso. É a vida”, afirmou o presidente sobre a morte do dissidente, no domingo, em uma entrevista coletiva, em sua primeira declaração sobre Navalni desde sua morte. Ontem, sem oferecer provas, Putin voltou a falar do opositor, afirmando que alguns dias antes de sua morte, “certos colegas” lhe falaram sobre “uma ideia de trocar Navalni por algumas pessoas detidas em instalações penitenciárias em países ocidentais”.

A fala coincide com declarações de aliados de Navalni no mês passado, sobre supostas negociações com autoridades russas e ocidentais sobre uma troca de prisioneiros que envolveria Navalni. /AP, AFP e EFE

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