MOSCOU - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira, 13, que está aberto à ideia de um cessar-fogo de 30 dias com a Ucrânia, mas que uma série de “questões” ainda precisam ser resolvidas.
As declarações de Putin ocorrem em meio a visita do enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, a Moscou. Witkoff desembarcou na capital russa com a missão de movimentar os russos em direção a um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia. Kiev aceitou uma proposta americana de trégua após uma reunião com oficiais dos Estados Unidos na Arábia Saudita.

“A ideia em si é a certa, e nós definitivamente a apoiamos”, disse Putin, durante uma coletiva de imprensa. “Mas há questões que precisamos discutir, e acho que precisamos discuti-las com nossos colegas e parceiros americanos.”
Segundo Putin, antes de concordar com uma trégua, a Rússia precisa discutir o futuro das forças ucranianas que dominam parte da região de Kursk, que fica na Rússia, e se Kiev continuará recebendo carregamentos de armas durante a pausa de 30 dias. O presidente da Rússia também quer entender como o cessar-fogo seria monitorado e quem garantiria o seu cumprimento.
“Como eles [os ucranianos] vão usar esses 30 dias? Vão continuar a mobilização, a se armar? O que acontecerá em Kursk? Eles irão embora, devemos deixá-los ir embora após as atrocidades que cometeram [na região russa invadida por Kiev]?”, questionou Putin.

Para o mandatário russo, uma trégua “precisa levar a uma paz permanente, que remova as causas do conflito”. Seus termos já foram colocados: neutralidade militar da Ucrânia, desarmamento do vizinho e absorção final das quatro regiões que anexou ilegalmente em 2022. Trump concordou publicamente com quase tudo, mas sua ideia de cessar-fogo é para começar a negociar os temas.
Cessar-fogo
Foi a primeira vez que Putin abordou publicamente a oferta de cessar-fogo. Ele deve se encontrar nesta quinta-feira com Witkoff para discutir a proposta. Uma ligação entre Putin e Trump também pode acontecer nos próximos dias.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou mais cedo que a Rússia só responderia oficialmente a proposta de trégua após conversar com os oficiais americanos.
“Depois que recebermos essas informações — não pela imprensa, mas por meio do diálogo bilateral — então chegará o momento de pensar sobre isso e formular uma posição”, disse Peskov.

Dilemas de Putin
Ao sinalizar sua abertura a um cessar-fogo, a Ucrânia apresentou ao Kremlin um dilema em um momento em que os militares russos têm vantagem na guerra. Moscou também tem se aproximado da administração Trump, que pede o fim imediato do conflito.
Na terça-feira Washington retomou o envio de ajuda militar para Ucrânia após Kiev aceitar a proposta de trégua. Na quarta-feira, Trump afirmou que “agora tudo depende da Rússia”. O presidente dos EUA fez ameaças veladas de atingir a Rússia com novas sanções se o país não aceitar o cessar-fogo.
Mas Yuri Ushakov, conselheiro de política externa de Putin, afirmou durante uma entrevista para a televisão russa que um cessar-fogo apenas ofereceria uma “pausa temporária para os militares ucranianos”.
Ushakov disse que Moscou quer um “acordo de longo prazo que leve em consideração os interesses e preocupações da Rússia”. As declarações ocorreram um dia após um telefonema com o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Mike Waltz.
Saiba mais
Rússia diz que retomou cidade em Kursk
A sinalização de Putin de que poderia concordar com um cessar-fogo ocorre no mesmo dia em que Moscou anunciou as tropas russas retomaram o controle da maior cidade na região de fronteira de Kursk. A cidade de Sudzha foi retomada pelos russos após um rápido avanço nos últimos dias.
Em uma visita aos militares russos na quarta-feira, 12, Putin, afirmou que espera que o Exército “liberte completamente a região de Kursk do inimigo em um futuro próximo”.
O mandatário russo acrescentou que no futuro “é necessário pensar em criar uma zona de segurança ao longo da fronteira”, em um sinal de que Moscou poderia tentar expandir seus ganhos territoriais capturando partes da região vizinha de Sumy, na Ucrânia./com NYT