VLADIVOSTOK, Rússia - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que mantém uma relação de confiança com Brasil, China e Índia, e sugeriu que esses países poderiam mediar eventuais negociações de paz com a Ucrânia.
“Respeitamos nossos amigos e parceiros que, acredito, estão sinceramente interessados em resolver todas as questões relacionadas a esse conflito, principalmente a República Popular da China, o Brasil e a Índia”, disse no Fórum Econômico Oriental em Vladivostok, na Rússia.
Ele seguiu dizendo que mantém relações de confiança com esses países e contato constante com os seus líderes que, nas palavras de Putin, buscam sinceramente a ajudar a resolver os detalhes do processo, que é complexo.
“Se a Ucrânia tiver interesse em continuar com as negociações, eu posso fazer isso”, acrescentou depois. As negociações na Turquia, no começo do conflito, poderiam servir como base, sugeriu Vladimir Putin, ainda que tenham sido interrompidas sem que o acordo fosse implementado.
Kiev sinalizou que os países que integram o Brics, poderiam servir de interlocutores com a Rússia, ao convidá-los para a Cúpula de Paz na Suíça. Mas a China negou o convite e o Brasil participou apenas como observador, sem assinar o documento final da Cúpula. Índia e África do Sul também não assinaram.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva argumento à época que qualquer negociação precisaria envolver os dois lados do conflito. Esse foi, inclusive, o principal ponto do documento que o assessor especial do Planalto Celso Amorim assinou com o ministro das Relações Exteriores chinês Wang Yi sobre a guerra na Ucrânia.
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“O Brasil e China apoiam uma conferência internacional de paz realizada em um momento apropriado, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz”, dizia o acordo firmado em maio, durante visita de Amorim a Pequim.
Ao assumir a presidência, Lula tentou se apresentar como mediador e propôs criar um “clube da paz” para a guerra na Ucrânia. A ideia chegou a ser elogiada pela Rússia, mas nunca avançou. O presidente esbarrou em polêmicas ao dizer que os dois lados seriam responsáveis pelo conflito e que os Estados Unidos e Europa estariam prolongando a guerra, referindo-se ao fornecimento de armas para Kiev.
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