Putin promete resposta se Otan instalar infraestrutura militar na Suécia e na Finlândia

Putin minimizou o convite formal aos dois países, afirmando que a entrada da Ucrânia seria uma ameaça maior, ao mesmo tempo, o presidente russo ameaçou ‘responder na mesma moeda’

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Por Redação
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MOSCOU - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira, 29, que a Rússia responderia da mesma forma se a Otan instalar infraestrutura militar na Finlândia e na Suécia depois que os dois países se juntarem à aliança. Em cúpula nesta quarta, os aliados formalizaram o convite às duas nações para se juntarem à aliança e classificaram a Rússia como “ameaça direta”.

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Putin foi citado por agências de notícias russas dizendo que não podia descartar que surgiriam tensões nas relações de Moscou com Helsinque e Estocolmo sobre sua adesão à Otan. Primeiro ele minimizou a importância de Suécia e Finlândia serem convidadas a se juntar à Otan, em seguida alertou que a Rússia responderia se a aliança ocidental expandisse sua presença nesses países.

“Com a Suécia e a Finlândia, não temos os problemas que temos com a Ucrânia. Eles querem se juntar à Otan, vá em frente”, disse Putin à televisão estatal russa após conversas com líderes regionais no ex-estado soviético do Turcomenistão.

O presidente russo, Vladimir Putin, participa de uma reunião à margem da cúpula dos estados litorâneos do Mar Cáspio em Ashgabat, Turcomenistão  Foto: Grigory Sysoyev/Sputnik/Kremlin via AP

“Mas eles devem entender que não havia ameaça antes, enquanto agora, se contingentes militares e infraestrutura forem implantados lá, teremos que responder na mesma moeda e criar as mesmas ameaças para os territórios a partir dos quais as ameaças contra nós são criadas”, completou.

Mas ele rejeitou a ideia de que a adesão dos dois países nórdicos à aliança mostra que sua invasão da Ucrânia saiu pela culatra, insistindo que uma Ucrânia aliada da Otan seria uma ameaça muito maior.

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“Para nós, a adesão da Finlândia e da Suécia não é nada como a adesão da Ucrânia”, disse ele. “Eles entendem isso perfeitamente bem.”

O comentário de Putin veio um dia depois que a Turquia, aliada da Otan, suspendeu seu veto sobre a Finlândia e a tentativa da Suécia de ingressar na aliança.

Após semanas de negociações, culminadas por uma reunião de uma hora em Madri, o presidente Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, concordou em suspender seu bloqueio em troca de um conjunto de ações e promessas de que agirão contra o terrorismo e as organizações terroristas.

Mais cedo, a Rússia respondeu aos anúncios com críticas ao que chamou de agressividade da Otan. O vice-ministro das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, chamou a ampliação da Aliança Atlântica para Finlândia e Suécia de “profundamente desestabilizadora”.

A incorporação da Finlândia, e seus 1.300 km de fronteira terrestre com a Rússia, fará com que a Otan mais do que dobre seus limites territoriais com este país. Desta maneira, a Rússia terá fronteira com seis integrantes da aliança: Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia - os dois últimos pelo enclave de Kaliningrado - e Noruega.

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Viagem internacional

Enquanto os líderes ocidentais se reúnem em Madri para a cúpula da Otan, Putin está trabalhando para manter sua própria esfera de influência na Ásia Central, procurando compensar as sanções econômicas e o isolamento político imposto pelo Ocidente por sua invasão da Ucrânia.

Na quarta-feira, ele estava no Turcomenistão, uma ex-república soviética insular e rica em gás, para uma cúpula dos líderes dos países que fazem fronteira com o Mar Cáspio, o maior corpo de água sem litoral do mundo. Esses são Azerbaijão, Casaquistão, Irã, Rússia e Turcomenistão.

Os aspectos políticos, econômicos e de segurança da região do Cáspio e seus vastos recursos de petróleo e gás assumiram maior importância para Moscou durante a guerra na Ucrânia.

A viagem de Putin, que começou no Tajiquistão na terça-feira, é sua primeira ida ao exterior desde que suas forças invadiram a Ucrânia em fevereiro e apenas a quarta desde o início da pandemia. Sua disposição de deixar a Rússia neste momento também é uma indicação da aparente confiança do Kremlin de que o esforço de guerra está no caminho certo e que Putin está totalmente no controle em casa.

O presidente russo Vladimir Putin fala com o presidente do Irã Ebrahim Raisi durante a 6ª Cúpula do Cáspio em Ashgabat, em 29 de junho de 2022 Foto: GRIGORY SYSOYEV / AFP

À medida que as sanções sobre a guerra interrompem as rotas comerciais, os países amigos da Rússia estão emergindo como novos parceiros econômicos críticos. E no Tajiquistão, na terça-feira, Putin foi abraçado pelo presidente do país, Emomali Rahmon.

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“Em geral, uma atmosfera de amizade e cooperação reina no Cáspio”, disse o conselheiro de política externa de Putin, Yuri Ushakov, a repórteres na segunda-feira, segundo agências de notícias russas.

Mas alguns aliados estão caminhando com cuidado. O Casaquistão, em particular, disse que não ajudará as empresas russas a contornar as sanções ocidentais. Sentado no palco ao lado de Putin em uma conferência econômica em São Petersburgo neste mês, o presidente Kassym-Jomart Tokaiev, do Caaaquistão , disse que não reconheceria as “repúblicas” separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, chamando-as de “territórios de quase-Estado”.

Em outro sinal da busca multifacetada de influência do Kremlin na Ásia Central, a Rússia também está pressionando os países a expandir o ensino de língua russa: no Tajiquistão, cinco escolas russas estão programadas para abrir em setembro, com US$ 150 milhões em financiamento de Moscou./AFP, REUTERS e NYT