Putin quer negociar trégua com a Ucrânia nas linhas atuais do campo de batalha, diz agência

O líder russo avalia que consegue vender a ideia de que a Rússia venceu a guerra e não gostaria de uma nova mobilização nacional de soldados

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Por Redação

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está preparado para negociar um cessar-fogo com a Ucrânia nas linhas atuais do campo de batalha, segundo quatro fontes do governo russo afirmaram à Agência Reuters.

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As fontes ouvidas pela Reuters apontaram que Putin acredita que o Ocidente está minando as negociações para uma trégua entre o líder russo e o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski.

Para as fontes ouvidas, Putin possui a resiliência para continuar lutando na guerra que começou em fevereiro de 2022, mas também está pronto para um cessar-fogo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que Moscou está aberta ao diálogo e que a Rússia não queria uma “guerra eterna”.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa para membros do ministério da Defesa, em Moscou  Foto: Sergei Guneyev/AP

Momento positivo da Rússia

A reportagem da Reuters ocorre em um momento bom para a Rússia no campo de batalha. Moscou se aproveitou da diminuição do envio de ajuda econômica e militar para a Ucrânia para atacar áreas de infraestrutura civil na Ucrânia.

Após muitas discussões e incertezas, o Congresso dos Estados Unidos conseguiu aprovar um pacote para a Ucrânia de 61 bilhões de dólares no mês passado.

O pacote inclui capacidades de defesa aérea, munições de artilharia, veículos blindados e outras armas para reforçar as forças ucranianas, mas as armas estão desembarcando em Kiev em um ritmo muito lento.

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No dia 10 de maio, as tropas de Moscou lançaram uma ofensiva surpresa no dia 10 de maio, na região ucraniana de Kharkiv. Os russos avançaram mais de 10 km na região, um dos avanços mais rápidos desde o início da guerra. Os militares ucranianos já admitiram a escassez de tropas e falta de munição.

Troca de ministro da Defesa

A decisão de Putin de trocar o seu ministro da Defesa também sinalizou que o Kremlin estaria disposto a uma guerra prolongada contra Kiev, segundo analistas entrevistados pelo Estadão. Sergei Shoigu, que estava no cargo há 12 anos e é considerado um dos principais aliados de Putin, foi substituído pelo economista Andrei Belousov.

“Hoje, no campo de batalha, o vencedor é aquele que está mais aberto à inovação”, explicou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em uma coletiva de imprensa após a saída de Shoigu. “Portanto, é natural que, no estágio atual, o presidente tenha decidido que o ministério da Defesa russo deveria ser chefiado por um civil.”

Peskov também ressaltou que o gasto da Rússia em Defesa e Segurança estava aumentando, atingindo níveis próximos da Guerra Fria. De acordo com informações fornecidas por ele, Moscou destina 6,7% de seu PIB para o setor de Defesa e Segurança. “A Rússia está próxima da situação dos anos 80, quando a União Soviética gastava 7,4% de seu PIB com o setor de Defesa e Segurança.

O ministro da Defesa da Rússia, Andrei Belousov, participa de uma reunião com o ex-ministro da Defesa Sergei Shoigu, no Kremlin, em Moscou  Foto: Vyacheslav Prokofyev/AP

Novo mandato

Mas segundo a reportagem da Reuters, Putin estaria pronto para iniciar o seu quinto mandato como presidente da Rússia sem a guerra na Ucrânia. O líder russo avalia que o momento de Moscou no campo de batalha já é suficiente para vender a ideia de vitória para os cidadãos da Rússia.

Além disso, novos avanços significativos para os russos poderiam requerer mais uma mobilização nacional, que não é desejada por Putin. A avaliação é que o presidente russo perdeu popularidade após a primeira mobilização nacional de soldados para a guerra.

A fonte ouvida pela Reuters aponta que um acordo não poderia acontecer durante o governo de Zelenski na Ucrânia. Uma possibilidade seria a Rússia conversar diretamente com os EUA para chegar em um acordo, mas o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, não acredita que Putin quer um acordo.

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